O GIGANTE CANIBAL – 21 SET 21
Capítulo Segundo
Ele acabou por construir uma casinha
e mudou-se para ela com a esposa;
todos diziam ser por demais vizinha:
“Teddy, vais fazer asneira grossa!”
“Ora, eu acho que o colosso já morreu!
Fazem mais de dez anos que escondeu
sua cabeçorra naquela imensa cova,
só enxergamos de suas patas a corcova!”
Por via das dúvidas, um caminho preparou
do lado oposto à montanha do gigante
e calmamente seu rebanho apascentou,
sem que ocorresse ali nada de importante.
Ele e a mulher não haviam tido filhos
e desciam com frequência por tais trilhos,
para trocar queijo e peles numa aldeia
por alimentos diferentes para a ceia!...
Um certo dia, Teddy foi ao alto
e contemplou os dois pés ali empinados,
sem o menor movimento no ressalto
e nem quaisquer ressonares escutados...
Então pensou: Como é
verde este capim!
Minhas cabras vou trazer aqui, enfim!...
Mas ao falar de sua intenção à esposa,
protestou ela, já a tremer de temerosa!
“Ai, meu bom Teddy!
Não sejas imprudente!
E se o gigante lá em cima te enxergar?”
“Ora, mulher, Krom está morto, certamente,
sempre é possível pela trilha se escapar!”
Assim deixou as cabras em plena liberdade
e foi deitar-se à sombra de um pinheiro,
adormecendo na maior tranquilidade,
o vale abaixo contemplando sobranceiro.
Mas o seu sono foi em breve interrompido
por um tropel e por gritos de terror:
corria um casal pelo vale, esbaforido
e sobre os dois, uma visão de horror!
A mão imensa do gigante se estendia,
pegando o homem que tão veloz corria
e o levando até o alto da montanha:
ouviu-se um grito no final dessa façanha!
Logo depois, a imensa garra retornou,
retorcendo o pescoço da mulher,
que um embrulho no solo então largou,
sem se escutar um outro som qualquer!
Ficou Teddy totalmente apavorado,
o pesadelo fora enfim recomeçado!
Estava vivo Krom, porém dormia,
Mais por instinto as suas garras estendia!
Teddy esperou, completamente imóvel,
horas a fio, que não fosse avistado!...
Mas, e suas cabras? Lá
de seu covil
esse gigante as poderia ter notado!...
Só garantindo não haver mais movimento,
reuniu as cabras em rápido momento
e as conduziu para o seu abrigo,
do lado oposto, afastadas do perigo!
E foi contar à esposa o acontecido.
“Eu bem te disse que era perigoso!”
‘Não, o gigante ainda está adormecido
e ainda havia aquele embrulho volumoso...”
“Não vais dizer que seria uma criança?
E se a mão de Krom também a alcança?”
“Vou descer e procurar, enquanto é escuro,
não te aflijas, que agora está seguro!...”
“Eu não me animo a ficar aqui sozinha!
Se vais descer, eu descerei contigo!”
Foram os dois até o vale e uma vozinha
os orientou até acharem seu jazigo.
Era de fato uma criança!
E a esposa
tomou-a nos braços, toda carinhosa
e para sua casinha a transportaram,
trocaram fraldas e com leite a alimentaram...
Viram que as roupas eram de puro linho
e no pescoço trazia uma correntinha
de ouro puro! E de um
elo pequeninho
pendia firme o que parecia moedinha,
tambem de ouro, mas cortada ao meio!
De vendê-la tiveram os dois receio:
“A sua família deve ser gente importante,
que cruelmente devorou esse gigante!...”
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