PELES GÊMEAS I
(2007?)
Se o homem e a mulher coabitam longos
períodos de vivência, lado a Lado,
Seus cheiros se misturam, conjugado
o sangue e o alimento: são dois
Gongos.
Seus gérmens coabitam, as bactérias
Proliferam de um na outra, então se
Cruzam;
Palavras trocam, hábitos escusam
e compartilham mais tantas Matérias...
Porém as almas não dividem cheiros,
tem outros gostos, toques e Carinhos,
As almas não se fundem, mas se esfolam:
só quando surgem amores Verdadeiros,
É como se tais almas, seus caminhos
entrecruzassem; e em alma só se Isolam.
PELES GÊMEAS II – 26 OUT 2021
É costume falar em “amor de Pele”,
manifestado em atração carnal;
faz-se o corpo a nosso lado Natural,
como se a carne nossa à sua apele.
Alguma coisa se experimenta ali que sele
o homem e a mulher no amor Sexual;
ou, quem sabe, em um certo carnaval,
ao próprio sexo certa atração então Revele.
Costuma-se dizer não ser Amor
tal tipo rápido e violento de atração,
mas tão somente uma forma de Paixão
que bem depressa perde o seu calor,
tal como chamam de “Amor Recém-Casado”,
pelo costume tão depressa desgastado...
PELES GÊMEAS III
Contudo as coisas não são bem assim:
existe mais que um desejo só Carnal,
quando uma pele se cola em consensual,
peito no peito que se volta para Mim.
Ou quando as costas me dá essa Arlequim,
dentro do sono sua morada temporal,
meu peito contra espáduas, em total
abnegação, que parece não ter Fim.
E mesmo o cheiro provindo de sua mão,
quando eu a beijo Subrepticiamente,
sem querer extraí-la de seu sonho,
se cola a minhas mucosas, em Profusão
de alheias células a voar suavemente,
nariz e lábios a preencher de amor Bisonho.
PELES GÊMEAS IV
Não se renega aqui o amor Sexual:
faz parte do querer, profusamente,
mas é um tolo quem apenas se Contente
com as mucosas da área genital.
Toda essa pele macia é um dom fatal,
dos pés à testa, de forma Independente;
que minha pele dessa pele se alimente,
muito mais vale que qualquer paixão Casual.
Nem me refiro à parte Emocional,
deixei de lado a alma neste instante,
a mente apenas, de forma Tonitruante,
é invadida por tal toque do carnal,
em que mesmo o suor é Impactante
e nos transporta num torpor alem do mal.
PROGÊNIE I – 13/06/09
Se os deuses nos retomam com
a esquerda
o bem que haviam dado com a
direita,
com nosso mal transcorre de
igual feita:
se uma castiga, a outra
afasta a perda...
E assim se trama o destino
com tal cerda,
tal como o gume de uma
lâmina se ajeita,
um pouco de calor, dose
perfeita:
e então o frio, com que a
têmpera se herda.
Pois há equilíbrio
entre a perseverança
e a indolência, que também
se adensem,
nas traças
de alternância mais honesta.
E ainda bem que é
assim. Sempre esperança
possuímos de que os males
nos compensem:
não noutra vida, mas
justamente nesta...
PROGÊNIE II – 27 out 21
Todos pensamos o centro ser
do mundo
e que por nós se interessem
as estrelas,
olhos de deuses a espiar
pelas cancelas,
alguns benignos, talvez
outro iracundo.
Isto é humano, pois no cerne
mais profundo
de nossa mente, erigimos as
estelas,
em homenagem a nossos feitos
e querelas,
como os antigos reis, algo
de furibundo,
para deixar de nós além da
morte,
mesmo que construído tão só
no cerebral,
alimentado por todo o nosso
emocional:
essa vaga esperança, além da
sorte,
de que algo de nós no afã
perdure,
mesmo depois que até da
ossada se descure!
PROGÊNIE III
Dizem teósofos que existe
arcana lei,
a “Lei do Ciclo” e que no
meio está a verdade,
que o pêndulo só oscila em
obliquidade:
fui a um extremo e ao oposto
chegarei.
Tantas teorias abstrusas já
estudei,
quiçá me expliquem minha
esperançosidade,
que só na vida me atrasou,
na realidade,
sempre no aguardo de que
trono ganharei!
Já muitas vezes repreendi
essa Pandora,
que não quis manter fechada
a esperança,
o maior mal que na vida nos
alcança.
Saíram os outros, mas pesada
essa senhora,
ou talvez adormentada em
indolência,
bem lá no fundo ainda
aguardava com paciência...
PROGÊNIE IV
Porque esperava que algo
mais acontecesse,
que do fundo do escrínio a
retirassem,
nesse esperar na espera que
a agarrassem,
sem desejar que sobre o
mundo se perdesse.
E sua vingança sobre nós ela
exercesse,
que a Pandora os outros
males alcançassem
e que a toda a humanidade
dominassem,
que algum triste até dela se
lembrasse...
Então diria: “Deixa só para
amanhã,
não faças hoje o que pode
ser adiado,
muitas bênçãos tem o futuro
reservado...”
Tão escarninha quanto a
Estrela da Manhã,
que sobre a testa nos
brilha, indiferente,
sem o menor interesse ter em
qualquer gente!
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