quarta-feira, 27 de outubro de 2021


 

 

O CAVALO TAMBOR

Capítulo Seis – 3 out 2021

 

Ora, havia no Regimento a tradição

de que a fanfarra deveria tocar,

enquanto a cavalgada se ia aguar

e assim fizeram, com plena devoção.

 

Junto ao estábulo havia grandes bebedouros

que uma bomba cheios sempre conservava.

em que aos cavalos se dessedentava,

na sela os homens sentados em desdouro.

Mas nesse dia, quando a Banda foi tocar,

viram um cavalo contra o pôr-d0-sol,

em um galope constante de farol,

diretamente até eles avançar.

 

“Mas que cavalo é esse?” – começaram

a indagar, até que chegou perto;

não queriam acreditar no olhar aberto:

era o Cavalo-Tambor que divisaram!

“Mas está morto!”  E coisa ainda pior,

um esqueleto se erguia sobre a sela,

uma visão terrível que a alma gela,

não haveria assombração maior!...

 

Fato passado, até quiseram inculpar

 as suas montadas pela cavalgada;

mas os cavalos não temiam nada,

nem entenderam a razão do debandar!

 

Porém a Banda suspendeu a execução

e logo um dos homens foi puxando

as suas rédeas e o cavalo desviando,

sem que ninguém aceitasse a acusação

de ter sido o primeiro a debandar,

mas o certo é que todos se espalharam

e na maior desordem dali se retiraram,

cada qual para um lado, sem parar!

 

Os oficiais tentariam toda a tropa segurar,

mas o pânico, de fato, era incontido

e acabaram por correr, qual perseguido

fosse o exército, após combate o derrotar!

Ficara o Coronel com seu Estado-Maior

na cantina, em que se confortavam

e ao escutar tantos gritos que ressoavam,

logo pensou o Coronel em algo pior!...

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