sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022


 

 

AFIRMAÇÃO IMPRUDENTE 1 – 10 FEV 22

 

Há quem afirme Melkisedek ser Jesus:

não sei de onde tiraram tal noção;

teria havido mais de uma encarnação,

um versículo a contrariar de clara luz?

Certa epístola de São Paulo nos conduz:

a Palavra só encontrou uma ocasião

para dos males encarnar em remissão:

como na carne desse rei um deus se induz?

O fato é que a Krishna o comparam,

teria o Cristo assim mais que um avatar

e nesse caso realmente se encarnar

em mais de um corpo é isso que declaram?

Mas nesse caso, por que não afirmar

que em Martin King não voltou a se mostrar?

 

AFIRMAÇÃO IMPRUDENTE 2

 

Ou quem sabe, no Mahatma encarnou,

a Grande Alma, que promoveu a paz,

Mohandas Karamchand que para a Índia traz

a liberdade, a quem um tiro assassinou?

Mesmo Gandhi, que cristão não se tornou,

talvez do ungido outro avatar perfaz;

mas a ilusão bem depressa se desfaz:

quem sabe Desmond Tutu o revelou?

Foi renegado por ser Bispo Anglicano:

dão preferência a uma nova encarnação

de Judas Iscariotes, esse tal Mandela,

que companheiros traiu, ato profano;

e qual o Cristo rejeitou seu povo irmão,

ao nobre bispo a rejeição se atrela!...

 

AFIRMAÇÃO IMPRUDENTE 3

 

Naturalmente, isto é só divagação,

há a promessa contida no Evangelho:

falsos profetas e cristos vem parelho,

que até os escolhidos quiçá enganarão!

Mas do retorno a profecia essa ilusão

já põe de lado, fragmentos de um espelho

que aos sicofantas correrá de relho:

quando voltar, por toda a Terra O enxergarão!

Em poder e grande glória manifesta,

sendo impossível ocultar-se à Sua grandeza:

por que Melkisedek poderia ser Jesus?

Mas sendo histórico e enigmático com certeza,

antepassado pode ter sido de Sua luz!

 

AFIRMAÇÃO IMPRUDENTE 4

 

“Até de pedras pode Deus dar a Abraão

possíveis filhos”, sem ser direta sua ascendência,

mas os Hebreus, ao espalhar a sua potência,

aos descendentes de Melkisedek encontrarão;

é assim possível que David em sua missão

trouxesse em si a genética consciência

desse sacerdote de exótica presciência:

José e Maria seus descendentes são.

Mas daí a se afirmar encarnação,

quando Abraão mal descobrira Jeová,

mais que blasfêmia, noção é irrisória;

igual que aquela estranha confusão

do Patriarca, que com alguém discutirá,

pensando Yahweh a lhe mostrar a imensa glória!

 

NUDEZ INOCENTE 1 – 11 FEV 22

 

Ela contempla, não a seu umbigo,

na conhecida onfaloscopia,

mas ao órgão de que mais se orgulharia,

que no futuro a criança desse abrigo;

gentil sorriso em sua face acha jazigo,

virou mulher e qual mulher se via

quando sua vulva com orgulho percebia,

onde semente receber sem mais perigo;

nem poderia se dizer ser insolente

a exposição desse objeto virginal,

de quem espera amor mais seminal;

de ato de amor, amor será nascente?

Pois não se toca, apenas se examina

e a raça humana a transmitir se inclina.

 

NUDEZ INOCENTE 2

 

Por que deve ver ali qualquer maldade

quem não abriga no coração malícia?

Sem dúvida, certo grau de impudicícia,

no contemplar dessa possibilidade,

mas mesmo em predomínio de vaidade,

há altruísmo envolto em tal letícia;

a pose é ingênua, mas sem estultícia,

na previsão de perder a virgindade

e dessa forma plenamente se encontrar

no seio pleno da feminilidade,

não mais podendo ser adolescente,

mas que até então não pôde se ligar

a algum amor em total tranquilidade,

na busca fértil de um estado permanente.

 

NUDEZ INOCENTE 3

 

Nem todas são assim, infelizmente:

marcadas foram por violência ou corrupção;

o órgão sexual, sem pejo, mostrarão,

na impudicícia que nelas se apresente;

é até possível que, de modo impertinente,

não se permitam continuar a geração,

à sua vaidade tão só se apegarão,

seu corpo moeda de troca simplesmente;

fico a pensar qual foi sua desilusão

que em objeto sexual as conduziu,

enquanto deixam seus óvulos perder

e só lhes posso lamentar a condição,

porém respeito também em mim se produziu,

condescendência em meu peito a lhes render.

 

NUDEZ INOCENTE 4

 

Que ninguém venha honestamente a condenar:

todo menino o próprio pênis contemplou

e mesmo quando jamais o manipulou,

sente razões para do órgão se orgulhar.

Por que a menina não poderia ali encontrar

algum sinal que ao futuro lhe chamou,

mesmo que seja apenas fenda que encontrou,

com um clitóris que ainda não sabe decifrar.

Mas a verdade é que bem mais raramente

se represente um órgão em ereção:

grecorromanos o mostram mais quiescente,

mesmo os deuses em feição de pura estética,

o corpo inteiro a mostrar em projeção,

só algum hipócrita a desprezar tal ética.

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