PERSEU E AS
GÓRGONAS XIV – 1º dez 2021
Chegou à
ilha de Lesbos facilmente;
em Mitilene
pousou, sem mais demora,
a caverna
descobrindo incontinenti,
um ressonar
escutando nessa hora
e devagar
penetrou, invisivelmente,
nessa
penumbra que precede a aurora:
viu Esteno a
dormir no travesseiro
e
degolou-lhe o pescoço, bem ligeiro!...
Encontrou na
parede lamparina;
só então viu
que tinha forma de dragão;
com sua
espada, esfolou-a desde a crina;
tirou-lhe as
veias e costurou o seu surrão,
sem que o
monstro percebesse qual a sina
que a
surpreendera sem qualquer previsão;
quando saiu,
já encontrou um consulente,
porém no ar
se alçou, rapidamente!...
Muito mais
tarde, quando nessa ilha
foram
cunhadas as primeiras moedas,
traziam de
Esteno a face que perfilha
a boa sorte
para o lar e as medas, (*)
causas
perdidas a indicar sua trilha...
“Que mil pequenas graças nos concedas!
O que eu perdi, dou-te em nome de Perseu:
assim devolve, bem rápido, o que é meu!...”
(*) Montes de
cereais cortados na ceifa.
Sem perder
tempo, voou ao extremo Norte,
com o surrão
sanguinolento na cintura!
E da Medusa
encontrou a feia corte:
mil estátuas
desgastadas pela agrura!
Invisível,
para evitar a mesma sorte,
seguiu a
trilha, na precaução mais dura,
o escudo
sempre à frente de seu rosto,
de esguelha
olhando, a contemplar o lado oposto!
Ao invés de
chegar perto, se afastava,
como se
fossem luzes de miragem,
toda a
paisagem, enquanto caminhava;
mas prosseguiu
à frente, com coragem
até que ao
longe, a Medusa ele avistava,
mas ao
contrário lhe surgia a imagem!
Parou à
espera, sem desviar o olhar
e sem os
seus impropérios escutar!...
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