segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022


 

 

PERSEU E AS GÓRGONAS XIV – 1º dez 2021

 

Chegou à ilha de Lesbos facilmente;

em Mitilene pousou, sem mais demora,

a caverna descobrindo incontinenti,

um ressonar escutando nessa hora

e devagar penetrou, invisivelmente,

nessa penumbra que precede a aurora:

viu Esteno a dormir no travesseiro

e degolou-lhe o pescoço, bem ligeiro!...

 

Encontrou na parede lamparina;

só então viu que tinha forma de dragão;

com sua espada, esfolou-a desde a crina;

tirou-lhe as veias e costurou o seu surrão,

sem que o monstro percebesse qual a sina

que a surpreendera sem qualquer previsão;

quando saiu, já encontrou um consulente,

porém no ar se alçou, rapidamente!...

 

Muito mais tarde, quando nessa ilha

foram cunhadas as primeiras moedas,

traziam de Esteno a face que perfilha

a boa sorte para o lar e as medas, (*)

causas perdidas a indicar sua trilha...

“Que mil pequenas graças nos concedas!

O que eu perdi, dou-te em nome de Perseu:

assim devolve, bem rápido, o que é meu!...”

(*) Montes de cereais cortados na ceifa.

 

Sem perder tempo, voou ao extremo Norte,

com o surrão sanguinolento na cintura!

E da Medusa encontrou a feia corte:

mil estátuas desgastadas pela agrura!

Invisível, para evitar a mesma sorte,

seguiu a trilha, na precaução mais dura,

o escudo sempre à frente de seu rosto,

de esguelha olhando, a contemplar o lado oposto!

 

Ao invés de chegar perto, se afastava,

como se fossem luzes de miragem,

toda a paisagem, enquanto caminhava;

mas prosseguiu à frente, com coragem

até que ao longe, a Medusa ele avistava,

mas ao contrário lhe surgia a imagem!

Parou à espera, sem desviar o olhar

e sem os seus impropérios escutar!...

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