terça-feira, 8 de fevereiro de 2022


 

 

PERSEU E AS GÓRGONAS XV – 02 dez 21

 

Então seu pai lhe orientou o braço

e sobre ela brandiu-se Chrysaor,

no pescoço da mãe final abraço,

nesse amor e ódio de filial rancor;

do frio olhar apagou-se todo o traço,

porém Perseu guardou sadio temor

e sem olhar, pôs a cabeça no surrão,

de suas picadas alcançando proteção!

 

E alçou voo, sem esperar por mais,

sentindo morta a espada do seu lado,

enquanto estátuas de pedra minerais

se desmanchavam e tombavam sem cuidado;

e desse modo, não veio a saber jamais

do nascimento do cavalo alado,

Pégaso, que do pescoço após desponte,

visto e domado por Belerofonte!...

 

Voltando a Sírifos, encontrou embriagado

Polidectes, sua mãe a perseguir;

no seu caminho deteve o passo alado...

Mandou o rei ao jovem destruir,

mas Perseu advertiu, no instante azado,

seus amigos ambos olhos a cobrir;

então tirou a cabeça do surrão,

dos inimigos petrificada a multidão!

 

Polidectes percebeu o acontecido

e sua cabeça baixou bem depressa,

sendo a Perseu ainda vivo conduzido

e de pedir-lhe perdão então não cessa...

Mas no momento em que lho foi concedido,

apoderou-se do surrão, em grande pressa,

pretendendo vingar-se de Perseu,

mas em pedra também se converteu...

 

Perseu então a estátua carregou

e aos pés de Dânae arrojou-a por momentos;

e então da encosta ao mar ele a lançou,

Polidectes esfacelando em fragmentos;

sua coroa o povo lhe entregou,

porém a recusou e deu assentos

nos tronos ao casal de pescadores,

Climene e Díctis, seus antigos protetores.

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