sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022


 

 

PERSEU E AS GÓRGONAS XIII – 30 nov 21

 

“Mas que pretende fazer com sua cabeça?”

as três Greias indagaram, ardilosas...

“Pretendo carregá-la, sem ter pressa

e entregá-la nas mãos poderosas

de Polidectes, cumprindo minha promessa.”

“E que proteção terá contra as maliciosas

vistas terríveis de nossa irmã Medusa,

quando sua vista com os olhos dela cruza...?”

 

“Mas ela mata, mesmo depois de morta?”

“Sem a mínima dúvida, meu rapaz;

só uma coisa sua malignidade corta:

um surrão feito com a casca veraz (*)

de nossa irmã Esteno, que comporta

a melhor proteção que o mundo traz;

terá de ir até Lesbos primeiro

e encontrá-la dormindo em travesseiro...”

(*) Saco de couro próprio para viagem.

 

“Como assim?” disse Perseu, espantado.

“Ora, ela tem o mesmo olhar petrificante

que de Medusa o rosto feio é dotado,

mas só pode ser morta num instante

em que Morfeu a tenha dominado...

Para ela o reflexo é insignificante,

porém nosso bom sobrinho Chrysaor

seu pescoço cortará, com grande ardor...”

 

Perseu lembrou-se de que a espada fora gente

e que sua própria mãe a transformara...

“Corte a pele de suas costas com a potente

lâmina da espada que consigo carregara

e a costure com suas veias, facilmente,

sem qualquer fresta que o mau olhar ultrapassara.

Já o ajudamos, agora dê nosso olho

e nosso dente ou secaremos em restolho!”

 

Mas Euríale o havia prevenido

de que elas poderiam enfeitiçá-lo

após terem olho e dente recebido

e assim os colocou dentro de um valo,

a vinte metros do covil perdido

e alçou voo antes que os alcançassem

e algum feitiço, por vingança, praticassem!

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