terça-feira, 15 de fevereiro de 2022


 

 

PERSEU E AS GÓRGONAS XVIII – 05 dez 21

 (Andrômeda e Ceto, filho da Medusa)

“Pois se a mataste, mostra-me a cabeça!

Caso contrário, não te acreditarei

e por castigo de me quereres pregar peça,

com um só dedo já te esmigalharei!...”

Perseu abriu o surrão, sem grande pressa...

Desviou o olhar, mas o titã sem lei

diretamente aquele verde olhar fitou

e em alta montanha então se transformou!

 

Era nas costas da Tunísia a capital

desse Kefros de magníficos poderes,

embora ainda submetido à divinal

potência, a quem cumpria seus deveres.

Mas sua esposa Cassiopeia fez o mal

de comparar a sua beleza a santos seres:

as Náiades, que vogavam sobre o mar,

filhas de Posêidon, em seu másculo criar!

 

Como castigo, o rei do mar enviou a Ceto,

que com Fórquis às Górgonas havia gerado,

a devastar-lhe as costas do dileto

reino junto às praias espalhado;

então o Oráculo anunciou o fado secreto:

que tal pecado tão somente seria perdoado

quando Andrômeda, a sua filha amada

fosse à fera entregue, acorrentada!...

 

Assim Perseu ao rei apresentou-se,

após ver a deslumbrante formosura

da pobre jovem, que ao penhasco acorrentou-se,

para sofrer a morte ou pior tortura

às mãos do monstro; e assim propôs-se

a aniquilá-lo, se de tal beleza pura

recebesse sua mão em casamento;

logo de Kefros recebeu consentimento...

 

Apresentou-se a Andrômeda isolada

e os dois se apaixonaram num momento;

porém lhe disse a princesa, apavorada:

“Não venha a sofrer igual padecimento!

É impossível ser tal fera derrotada!...”

“Pois morrerei, com o maior contentamento;

não deixarei a tal monstro devorá-la!

Se for morrer, eu irei acompanhá-la!...”

 

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