AVRAHAM
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não
foi Baal-Marduk que destruiu a serpente,
Tiamat,
o Caos, Senhor da Escuridão,
mas
El-Elohim Quem agitou Sua mão,
todo
o universo a preencher onipresente.
mas
esse dom assim polivalente,
que
nada poderia ter fora de Si,
matando
o Caos, o incorporou ali,
sua
escuridão assumindo permanente.
somente
havia a escuridão, porém tal Deus
determinou
que surgisse então a luz
e
a partir da escuridão, Ele a conduz,
quaisquer
locais tomando como Seus.
desse
modo Avraham, por vez primeira,
entendeu
parte da essência do universo,
não
somente o firmamento ali disperso,
mas
muito mais que essa impressão ligeira;
mas
há grande diferença entre El-Elohim,
o
Deus dos Deuses, o poderoso Altíssimo,
em
Sua pura natureza o dom beníssimo
e
o Deus Universal que existe alfim.
esse
era o Deus Supremo, mas não só,
de
outros deuses aceitava a multidão,
encastelados
onde quer que homens estão,
mesmo
na pedra do moinho, a dura mó.
ela
produz para os homens a farinha,
que
lhes permite do pão o cozimento,
que
essa casca transforme num portento
e
se fizesse dos alimentos a rainha;
sequer
Avraham teve o conceito
de
que apenas esse Deus havia;
não
duvidava de que outros existia,
somente
da adoração negando-lhes o preito;
e
é preciso ver, no Velho Testamento,
quantas
vezes Yahweh é mencionado
como
o maior dos deuses, o Abençoado,
igual
se narra no Primeiro Mandamento.
a
adoração de Jehovah é bem preclara:
“não
terás outros deuses diante de Mim!”
mas
a ilação se faz tão logo assim,
que
existem os Terafim, coisa bem clara... (*)
Moisés
não nega nesse mandamento
a
existência de deuses em milhar,
sua
falsidade somente a proclamar:
Deus
é zeloso, portanto, “ciumento”!
a
adoração das imagens proibida,
de
fato mesmo, até sua confecção,
porque
esculturas para o crente dão,
para
sua fé, falso foco e até guarida!
(*)
Terafim já é plural e indica pequenas imagens
de
deuses ou dos antepassados.
sucedeu
no antigo tempo que Amraphel,
rei
da cidade-estado chamada Sinear
e
Arioche, então rei de Elazar,
com
Kedorlaomer se aliassem em quartel,
o
rei de Elam, senhor seu poderoso
e
mais Tidal, chamado rei dos Goyim,
“rei
dos estrangeiros” ou “gentios” assim,
seu
poderio para a época espantoso,
a
combater contra Bera, o de Sodoma,
dito
seu rei (mas era só uma cidade)
e
Birsa, rei de Gomorra em igualdade,
contra
Sinabe, que igual título toma,
rei
de Admá e ainda contra Semeber,
rei
proclamado da região se Zeboyim
e
mais o rei de Zoar, sem o nomear,
a
terra de Belá, segundo outro dizer,
todos
reunidos no vale de Siddim,
que
hoje é o Mar Morto ou Mar Salgado,
que
Kedorlaomer havia dominado,
todos
os cinco a rebelar-se assim
e
o rei de Elam, de vasto exército o senhor,
que
sobre a maior parte da Síria então reinava
logo a todos os rebeldes derrotava,
os
prisioneiros escravizando nesse ardor! (*)
(*)
Existe uma teoria que estes Elamitas eram negros,
oriundos
da Índia e a caminho da África.
AVRAHAM
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entre
os escravos, achava-se esse Ló,
que
com Avraham descera de Paddam-Aram
e
o pretendiam vender, além do Elam,
entre
os Caldeus, acorrentado sem mais dó;
então
um sobrevivente, oriundo do combate,
veio
narrar a Avraham, o Hebreu
e
uma tropa ele formou com o povo seu:
trezentos
e dezoito homens para o embate,
mais
Mamre, Eshkol e Aner, os seus aliados, (*)
talvez
dobrando assim seu contingente
e
atacando os invasores, de repente,
com
grande golpe os deixou desbaratados!
(*)
É provável que esses três fossem Hititas.
então
veio o senhor de Sodoma até Savé,
dito
o rei dessa cidade, a lhe solicitar:
“dá-me
as pessoas, os bens podes guardar”,
mas
Avraham respondeu-lhe em plena fé:
“nada
quero de teus bens, que nunca digas
no
futuro, ‘eu enriqueci a Abraão’ –
leva
os cativos teus que restarão
e
os bens que ainda resgatar consigas,
que
a minha gente tão só se alimentou,
mas
meus aliados, Mamre, Eshkol e Aner
terão
direito a retirar quanto se quer
do
que após esse combate se grangeou.”
nesse
entremente, apareceu o rei de Salém,
Melkisedek,
do Deus Altissimo sacerdote,
trazendo
pão e vinho em convescote,
que
a Avraham abençoou então também:
“que
Avraham será sempre bendito
por
El-Shaddai, em todo o Seu poder,
El-Elohim,
que lhe permitiu vencer
e
resgatar do inimigo o povo aflito!
só
Ele do céu e da terra é o Possuidor,
põe
outros deuses debaixo de Seus pés!”
Avraham
agrdeceu-lhe por tais fés
e
deu-lhe o dízimo de todo o seu penhor.
Melkisedek
é uma figura controversa,
mas
sendo o rei denominado de Salém,
normal
exercesse o sacerdócio ali também;
mas
por que Avraham assim dispersa
a
décima parte de todo o seu botim?
seria
Melkisedek de Jebus o senhor,
que
o rei David conquistou bem posterior
e
grande tropa ele possuísse assim?
ou
então da crença de Avraham foi o mentor?
bem
certamente tiveram longa conferência,
um
ao outro a discorrer sobre a potência
do
Deus Supremo, o Altíssimo Senhor!
mas
Avraham já com o Altíssimo falara,
familiar
estava com Seus múltiplos poderes;
só
que é impossível que seus valores creres
não
se mesclassem com os que antes apreciara,
sempre
existentes as crenças do passado,
enquanto
fora apenas um Caldeu,
Avraham,
o Sírio, igualmente apodo seu:
em
sua mente muita coisa havia ficado
e
mesmo tendo uma veraz revelação
do
Deus Altíssimo que a todos comandou,
não
obstante a outros deuses não negou,
só
reduzidos a total submissão...
porém
não cria, qual na terra de Babel,
que
luta houvesse entre as trevas e a luz,
entre
o mal e o bem que nos conduz,
que
Tiamat ressurgisse com seu fel,
a
combater Marduk eternamente,
pois
percebia que tal era impossível:
seu
Deus Altíssimo somente seria crível
sem
qualquer adversário assim potente!
vencido
o Caos, ou seja, a Escuridão,
Ele
a tomara para Seu próprio interior;
Ele
era o bem e o mal em seu teor,
em
Si a soma de toda a criação!...
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tudo
Dele brotava em profusão
e
a cada momento tudo recriava,
senhor
da chuva, igual seca mandava,
dos
ventos dominando a sua paixão;
porém
a Abubu, o espírito da poeira,
de
quando em vez daria liberdade
e
por igual a outros gênios da maldade,
até
o dia de Sua Eminência derradeira;
mas
sendo Ele também o deus Nebmakê,
guardião
e dono de toda a verdade,
não
havia sentido que qualquer iniquidade
parte
fizesse de El, qual ele o crê.
ainda
esse Deus Supremo que ele amava
era
também sua fonte de temor,
porque
era santo e de tudo o protetor
e
a sua própria fraqueza contemplava;
como
poderia então o Deus Total
Se
instalar mesmo dentro de sua mente?
e
para a tentação se faz presente
de
o próprio filho devolver-lhe no final!
que
os pensamentos de seu coração
se
digladiavam com as sombras do passado,
pelos
deuses da Suméria influenciado:
como
era igual a nós esse Abraão!...
ao
meteoro somente Ló escapou,
com
suas duas filhas, sem ter nome,
que
sua esposa se retarda e o sal consome,
mas
só mais tarde do sobrinho ouviu falar.
mas
já esta é outra história e não concerne
a
esta breve e imperfeita tentativa:
o
que interessa é a tal memória viva
da
descoberta de Deus, que aqui se alterne;
como
Makom, o Espaço, é concebido,
um
Deus Supremo, que não tinha esposa,
a
Baalat ou Ishtar do trono rosa,
por
Ele apenas todo o universo preenchido.
em
sua humildade, seu nome transformou
de
Abiram, “pai de deus’, para Abraão,
o
“pai de muitos”; e em idêntica atuação,
Sarai,
a “heroína”, como Sara ele chamou,
a
“esposa ou mãe” da imensa multidão,
ainda
que filhos gerasse com Ketura
e
com Hagar a Ismael ele assegura,
para
a semente expandir da criação,
sem
conceber que Deus tivesse um filho,
salvo
a Si Mesmo em Sua Contemplação,
quando
a Palavra sofreria encarnação,
encerrando
de Avraham o ciclo e o trilho! (*)
(*)
os nomes e funções dos deuses da
Mesopotâmia foram variando com seus habitantes, Sumérios e Acadianos, Caldeus,
Assírios, Babilônios e Persas; assim o Sol também se refere como Tammuz e Sin,
o deus Pastor das Estrelas
também
é mencionado como sendo a Lua, Ishtar, Astartéia ou a Ashtoreth bíblica.
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