ESTES SONETOS SÃO ERÓTICOS, RECOMENDO DISCRIÇÃO
PÉRGULAS I (25 mai 11)
(NICOLE KIDMAN)
O que eu quero de ti não é amor,
mas puro, simples e saudável sexo:
que separes as coxas e teu nexo
penetrarei, com todo o meu ardor.
O que eu desejo não é nada de complexo.
Teus sentimentos, teu pensar, tua dor,
as mil complicações, mistério em cor,
que não sejam teu preço para o amplexo.
E não te mentirei. Nem é preciso
que as pernas abras, basta que levantes
os joelhos e me fiques aguardando.
Pouco me importa teu beijo e teu sorriso
e em nada disso há razão por que te espantes,
quando sincero estou-me revelando...
PÉRGULAS II
Já me cansei de te falar de amor,
quando teu corpo apenas eu desejo.
Se for preciso, te darei um beijo,
como prelúdio para tal sexor.
Mas hipócrita será falar de almor,
se busco apenas mais concreto ensejo,
quando é somente a carne que te almejo
e apenas te alentar com meu ardor.
Despe-te, pois, e fica toda nua,
porque diante de ti já me despi,
conserve embora em mim a roupa inteira.
Há sentido em falar de sonho e lua,
mas a teu lado tudo isso já esqueci,
quando me abriste a pétala ligeira.
PÉRGULAS III
Mas não julgues que penso só em mim.
Se fora assim, buscaria prostitutas...
E se este meu poema ainda escutas,
é porque anseio por teu corpo, enfim.
Mas não por tê-lo qual simples outrossim,
dentre um contrato que aceitas ou refutas.
Quero habitar longo tempo nas tuas grutas,
falo a verdade ao confessar-te assim.
E conservar-te durante o meu presente,
esperando muitas posses no futuro,
só de as cópulas lembrar de meu passado.
E se querer alguém, assim frequente,
chama-se amor, então, certo e seguro,
não o pretendo em miragem sublimado.
PÉRGULAS IV – 10 outubro 2023
Mas não penses que só busco o
meu prazer,
pois sei perfeitamente dar-te
orgasmo,
diante de cuja intensidade fico
pasmo,
que é muito mais que meu próprio
desfazer.
Mas não te minto que deseje
pertencer
de corpo e alma a
ti. Eu não fantasmo
a existência de um divinal
espasmo:
é só da carne meu gozo e meu
querer.
E quanto mais me tenha unido a
ti,
ao ver esse prazer que assim te
dou,
enquanto a mim não mais que
satisfaço,
mais vou querer permanecer aqui,
sem desejar qualquer alma que
voou
e que jamais conterei no meu
abraço.
PÉRGULAS V
Porém agora, aceita-me
depressa!
Dá-me teu corpo sem mais
sonegação
e sem qualquer chantagem de
emoção,
que teu desejo em ti não
amorteça.
Dá-me tua flor, sem que o amor
padeça,
entre elegias e períodos de
ilusão,
vem demonstrar por mim igual
paixão,
saudável, simples, que não mais
se esqueça,
sem pretender qualquer
indisposição,
já que um orgasmo despede todas
elas,
enquanto dura a sua
intensidade,
por curto seja o momento da paixão,
quando se abrem todas as
janelas,
nesse momento da mais breve
eternidade!
PÉRGULAS VI
Essa tua pérgula tem colinas
paralelas,
conduzindo aos canteiros do
jardim,
quando tua flor se há de abrir
por mim,
rebrilhando do orvalho das
estrelas,
lábios vermelhos à espera das
estelas,
que ergo para ti, rosa e jasmim,
num pedúnculo entre veias de
marfim,
caule e corola das expressões
mais belas.
Quando te vejo a meu lado
caminhando,
eu quero tudo em ti, boca e
cabelos,
ombros macios, cintura delicada,
as nádegas redondas ondulando,
os seios generosos em desvelos,
mas de tua alma eu não diviso
nada!
PÉRGULAS VII – 11 out 23
E desse modo, por mais seja poeta
e conserve meu pendor para o abstrato,
por que me esconderei em tal recato,
preso somente em minha visão de esteta?
Não é teu pensamento que me inquieta,
respeito o sentimento teu de fato,
mas é teu corpo que me dá o trato,
teu coração que me faz erguer a seta,
cujo alvo almejado é tua vagina
e não teus olhos ou o meigo palpitar,
nem é teu ventre, de fato, o meu penar,
porém teu útero a razão de toda a sina
e tuas trompas mais além quero tocar,
com a força plena a que o sêmen se destina!
PÉRGULAS VIII
Logo depois que tiver desafogado
a próstata e a vesícula seminal,
eu me retirarei, que é natural,
mas não antes de te haver proporcionado
maior delícia que o prazer por mim gozado,
pois a que serve o sexo, afinal,
senão para elevar o ser mortal,
para um instante de sonho aveludado?
Porém depois, eu pensarei em beijo,
já satisfeita a mais premente ânsia,
nessa agonia a que chamam pós-coital
e beijarei teus mamilos nesse ensejo
e tocarei teu clitóris nessa instância,
quando trocarmos cem carícias no final.
PÉRGULAS IX
Só depois eu beijarei o teu pescoço
e tuas orelhas morderei de leve,
quando o pênis reerguer-se já se atreve,
já meio ansiado por novel retoço;
se me disseres ter de fazer o almoço,
te pedirei novo momento breve,
que amor uma outra vez se fazer deve,
a preencher entre nós o estranho fosso,
qual afirmam os antigos julgamentos,
existente entre nossos pensamentos,
sem que transposto possa ser jamais...
Por isso, que outro coito se repita!
Em nossos corpos sem nada de irmortais,
de modo tal a contagiar os
sentimentos.
PÉRGULAS X -- 12 outubro 2023
Meus dedos as tuas costas
seguirão,
a massagear levemente os
arrepios
e que os prazeres corram como
rios
por toda a espinha, enlevando
teu pulmão,
os rins a sacudir em exaltação
e que tuas nádegas de orgulhosos
brios
se voltem para mim em novos
cios,
a palpitar tal qual que o
coração
e então cavalgarei o mesmo
espaço,
penetrando mais fundo desta vez
em tua perfeita gruta vaginal
e sem poderes partilhar do mesmo
abraço,
viras o rosto e um beijo então
se fez,
como um selo de amor puro e
carnal.
PÉRGULAS XI
E depois que de novo me
esgotares,
irei cumprir os rituais das
abluções,
enquanto dormes em tuas
depressões
pós-coitais, a contemplar-te em
meus esgares,
contra o espelho ou quiçá os
teus piscares,
a mostrar-me diferentes
expressões,
talvez porque as minhas
ereções,
só de lançar a ti os meus
pensares,
já novamente se aprestam para a
luta
e caso te consiga convencer,
amor faremos outra vez e outra
mais,
porque esse amor sexual não se
disputa,
não é preciso as nuvens
percorrer
em mil anseios por glórias
imortais...
PÉRGULAS XII
E se não mais quiseres, tudo
bem,
posso esperar enquanto dormes
nos meus braços,
aquecer-te novamente em mil
abraços:
no dia seguinte eu te amarei
também,
nesse completo ajuste que se
tem,
teus lábios a seguir pelos meus
traços,
minha imagem nos teus olhos,
brandos laços,
enquanto a tua inteira os meus
contém.
Que seja assim, a pele contra a
pele,
suor contra suor, pelos nos
pelos,
cem liquidos trocados nos
desvelos,
as pálpebras fechadas que se
vele,
durante a noite, os corpos
satisfeitos,
talvez com as almas repartindo
alguns proveitos...
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