NASREDDIN
E A NOIVA XIII – 28 JUL 2022
“Você
tem hoje resposta para tudo!...”
“Prenda
o cavalo naquela árvore acolá,
o
pasto é virente e o melhor que há,
mas
as ovelhas não gostam, não me iludo.”
“Ora,
por que, se é tão bom assim?”
”Elas
preferem o pasto sob o sol vibrante,
na
sombra deitam por um breve instante
e
vão buscar outra comida, enfim...”
“O
fazendeiro separou a sua cabeça...”
“Decerto
fazer sopa pretendia,
mas
não se pode ferver com muita pressa,
algum
tempero sempre se adicionaria...”
“Mas
um cachorro a encontrou e comeu...”
“Decerto
tinha fome o pobre bicho,
quem
sabe só lhe dão restos e lixo...
Não
vai dizer que o animal morreu...?”
“Mas
como sabe? Foi morto pelo fazendeiro!”
“Com
boa razão. O pobre cusco mereceu,
sendo
ladrão tem de se matar ligeiro...
Foi
decerto uma paulada que lhe deu!”
“Depois
de morto, atirou-o para um canto.”
“Decerto
era onde costumava se deitar,
depois
de ter devorado seu jantar...
Zalina,
aposto, verteu um certo pranto!”
“Você
parece adivinho, Nasreddin!”
“De
modo algum, só tiro conclusão...
Pelo
seu rosto, venho acertando assim,
me
engano, às vezes, em outra situação...”
“Está
certo, quero lhe falar sobre Zalina...”
“Eu
é que quero lhe falar sobre ela,
não
que tenha esperanças na donzela,
mas
dá prazer me lembrar dessa menina!”
“Escute,
estou a aprontar seu casamento...”
“Eu
já lhe disse, ela é a única que quero...
Não
pretendo modificar meu sentimento,
mesmo
que seja por questão de desespero...”
“Não
é assim. Conversei com o pai dela
e
igualmente de sua paixão com o objeto;
tenho
certeza de que corresponde a seu afeto,
será
bem fácil conquistar essa donzela!”
NASREDDIN
E A NOIVA XIV – 29 JUL 2022
“O
pai dela só quer um genro inteligente,
não
lhe importa ser de baixa condição,
contudo
deve ter coragem igualmente
e
se possível, possuir bom coração.
Segundo
eu penso, essas três qualidades
você
possui. Vou levá-lo até lá,
com
o pai dela, você conversará
e
com a moça não encontrará dificuldades...”
“Basta
que você saiba sempre responder.”
“Mas
com Zalina eu já me atrapalhei,
minha
língua não conseguia desprender,
só
reconhei foi que me apaixonei...”
“Pois
então venha comigo até a fazenda!”
“Primeiro
vou as ovelhas recolher
e
minhas cabras em seu redil prender,
só
depois posso segui-lo na sua senda!...”
Cumprida
a necessária obrigação,
Nasreddin
foi por Vladek convidado
a
montar em sua garupa na ocasião,
mas
Nasreddin sentiu-se meio ressabiado:
“Abraçar-me
a um lobo não me agrada.”
“Não
se preocupe, sou totalmente humano,
o
cavalo se recusaria a sentir dano
ao
ser montado por tal carga indesejada!”
Nasreddin
aceitou de má-vontade,
mas
com o andar da montada se acalmou;
tomaram
a senda que levava até a cidade,
porém
bem antes o cavaleiro desviou
e
seguiu pela estradinha da fazenda:
“Veja
bem como a calma irá manter,
responda
a tudo como me acaba de fazer,
açodamento
só fará que se arrependa!”
Assim
que chegaram à casa principal,
Vladek
entregou as rédeas a um peão
e
foram os dois caminhando até o umbral,
quando
o cavaleiro bateu com decisão
e
para sua surpresa, foi Zalina
que
atendeu à porta e não criada;
ao
ver Nasreddin, mostrou-se embaraçada,
mas
Vladek a saudou com a cortesia mais fina.
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