A
AMEAÇA DO PINGENTE I – 10 OUT 2022
amor
é um pingente minúsculo de gelo,
que
te invade o coração e não derrete,
indiferente
que tua existência inquiete,
crava-se
ali e controla o teu desvelo;
talvez
mais de estalactite tenha o zelo,
alma
pingando, enquanto se intromete
em
outra alma, em gotas de confete
ou
serpentina envolvendo cada apelo.
talvez
duvides da forma como entrou
esse
pingente prateado no teu peito,
foi
pelo olhar, pela boca ou pelo olfato,
que
desta forma inesperada penetrou,
tal
qual tivesse usucapião em seu direito
de
aninhar-se em teu calor mais grato?...
A
AMEAÇA DO PINGENTE II
esse
pingente de gelo é desconforme,
talvez
não tenha sequer te penetrado,
mas
dentro em ti primeiro foi gerado,
sem
que algures sua agudez se forme;
não
é realmente uma jóia que te adorne,
numa
válvula do coração está encravado
teu
batimento a deixar descompassado
a
cada vez que o teu amor retorne.
em
breve salto a vibrar dentro de ti,
esse
pingente de gelo é bem mais quente
que
um tocha de vibrante ignição,
algo
de senhoril a se encontrar ali,
que
com plena firmeza se apresente
com
esse baque inesperado ao coração!
A
AMEAÇA DO PINGENTE III
mas
por que me refiro ao amor pingente?
por
certo tem um outro efeito inesperado,
quando
se julga que nosso ser amado
não
nos esteja amando o suficiente,
que
por igual a ciúme se apresente,
tocando
o sino no pingente conservado,
será
bem frio esse toque enciumado,
que
te apunhala em rigidez plangente.
quem
não sentiu um dia a adrenalina,
ao
julgar o seu amor ameaçado,
que
o corpo inteiro logo a seguir percorre?
amor
pingente a governar tua sina,
como
um soneto quando amor transcorre
ou
como um dobre por ciúme provocado!
A
AMEAÇA DA NUDEZ I – 11 OUT 2022
quando
um casal faz amor por vez primeira,
é
o mais comum que mutuamente se desnude,
a
retirar cada tecido que os escude,
para
em carinho abraçar-se à sua maneira;
em
outras ocasiões, havendo pressa tão ligeira,
ante
um desejo tão violento e rude,
que
se desvista só o que ao amor alude,
para
gozar de breve pompa derradeira.
mas
sempre ocorre o seu “conhecimento”,
como
a bíblia nos referia antigamente,
qualquer
disfarce de intenção posto de lado,
na
completação desse táctil momento,
em
que as máscaras revelem o sentimento,
talvez
paixão... quiçá um sonho dourado?.
A
AMEAÇA DA NUDEZ II
porque
as vestes são superfície apenas,
que
os corpos escondem sob o sol
ou
em plena noite, ao cantar do rouxinol,
os
corpos mostram em exitosas cenas;
só
a visão das carnes mais amenas
faz
se erguer dentro do corpo um arrebol,
mesmo
no escuro, a pele qual farol,
órgãos
se encontram como rubras gemas.
mas
até que ponto se dará o conhecimento
desse
parceiro ou parceira que se tem,
simplesmente
por desvendar a sua nudez?
será
no máximo um temporário julgamento
sobre
um ato gentil que nos provém
ou
ato de egoísmo que só traz desfaçatez.
A
AMEAÇA DA NUDEZ III
mais
importante que retirar-se a roupa,
sem
dúvida é o desnudar do coração,
que
não se troca num momento de paixão,
quando
uma hora de amor é coisa pouca,
mais
importante, é retirar-se a touca
que
envolve a mente em larga proteção,
em
que se espelha esse amor de criação,
só
com o qual bem no fundo é que se toca.
e
nem basta desvendar o peito e a mente,
que
existe algo mais profundo em cada um,
essa
força mais intensa e espiritual,
que
em cada membro da raça está presente,
essa
terceira capa que, em comum,
tão
raramente, enfim, retira algum casal...
A
AMEAÇA DO VOTO I – 12 OUT 22
quero
votar num político defunto,
desses
que agora não concorrem mais:
silveira
martins, por motivos naturais,
me
ocorre à mente, se penso nesse assunto.
quero
votar, igualmente, no conjunto
daqueles
políticos de ideias liberais
do
partido libertador, que por razões irracionais
foi
pela revolução desmantelado, junto
com
os partidos de esquerda, que nos ameaçavam,
sob
o pretexto de defender democracia,
enquanto
apenas nos explorar buscavam,
embora
o “pe-ele” tenha sido apoiador
do
governo militar que se previa,
que
ingratamente dispensou o seu louvor.
A
AMEAÇA DO VOTO II
quero
votar num político finado,
mesmo
que tenha governado mal,
que
ao invés de governar, fez carnaval:
pelo
menos, saberei que estava errado.
na
loteria das eleições eu sou logrado,
cada
político eleito, no final,
faz
o contrário da plataforma sua inicial,
talvez
melhor me atendesse o derrotado!
não
que acredite no presidencialismo,
qual
praticado hoje em dia no brasil
e
tampouco acredito em reeleição,
mas
quando vejo da outra parte o seu cinismo,
fico
pensando que, por mais que seja vil,
os
seus defeitos sei muito bem quais são!
A
AMEAÇA DO VOTO III
mas
sobretudo, quero votar para o supremo!
que
seja um cargo elegível igualmente,
não
vitalício nem de pretensão onisciente,
que
haja um limite para o seu veneno!
o
seu orgulho e vaidade é o que mais temo:
como
se atrevem a queixar-se realmente
de
um ataque à democracia pela gente
que
nunca os elegeu para timão e remo?
pois
claramente hoje exerce a tirania
esse
conjunto de pequenos ditadores,
que
a constituição interpretar só deveriam,
que
só ao executivo executar caberia
e
fazer leis tão só os legisladores,
mas
nos impõem muito mais do que podiam!
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