quinta-feira, 13 de outubro de 2022


 

 

A AMEAÇA DO PINGENTE I – 10 OUT 2022

 (Diane Keaton e Jack Nicholson)


amor é um pingente minúsculo de gelo,

que te invade o coração e não derrete,

indiferente que tua existência inquiete,

crava-se ali e controla o teu desvelo;

talvez mais de estalactite tenha o zelo,

alma pingando, enquanto se intromete

em outra alma, em gotas de confete

ou serpentina envolvendo cada apelo.

 

talvez duvides da forma como entrou

esse pingente prateado no teu peito,

foi pelo olhar, pela boca ou pelo olfato,

que desta forma inesperada penetrou,

tal qual tivesse usucapião em seu direito

de aninhar-se em teu calor mais grato?...

 

A AMEAÇA DO PINGENTE II

 

esse pingente de gelo é desconforme,

talvez não tenha sequer te penetrado,

mas dentro em ti primeiro foi gerado,

sem que algures sua agudez se forme;

não é realmente uma jóia que te adorne,

numa válvula do coração está encravado

teu batimento a deixar descompassado

a cada vez que o teu amor retorne.

 

em breve salto a vibrar dentro de ti,

esse pingente de gelo é bem mais quente

que um tocha de vibrante ignição,

algo de senhoril a se encontrar ali,

que com plena firmeza se apresente

com esse baque inesperado ao coração!

 

A AMEAÇA DO PINGENTE III

 

mas por que me refiro ao amor pingente?

por certo tem um outro efeito inesperado,

quando se julga que nosso ser amado

não nos esteja amando o suficiente,

que por igual a ciúme se apresente,

tocando o sino no pingente conservado,

será bem frio esse toque enciumado,

que te apunhala em rigidez plangente.

 

quem não sentiu um dia a adrenalina,

ao julgar o seu amor ameaçado,

que o corpo inteiro logo a seguir percorre?

amor pingente a governar tua sina,

como um soneto quando amor transcorre

ou como um dobre por ciúme provocado!

 

A AMEAÇA DA NUDEZ I – 11 OUT 2022

 

quando um casal faz amor por vez primeira,

é o mais comum que mutuamente se desnude,

a retirar cada tecido que os escude,

para em carinho abraçar-se à sua maneira;

em outras ocasiões, havendo pressa tão ligeira,

ante um desejo tão violento e rude,

que se desvista só o que ao amor alude,

para gozar de breve pompa derradeira.

 

mas sempre ocorre o seu “conhecimento”,

como a bíblia nos referia antigamente,

qualquer disfarce de intenção posto de lado,

na completação desse táctil momento,

em que as máscaras revelem o sentimento,

talvez paixão... quiçá um sonho dourado?.

 

A AMEAÇA DA NUDEZ II

 

porque as vestes são superfície apenas,

que os corpos escondem sob o sol

ou em plena noite, ao cantar do rouxinol,

os corpos mostram em exitosas cenas;

só a visão das carnes mais amenas

faz se erguer dentro do corpo um arrebol,

mesmo no escuro, a pele qual farol,

órgãos se encontram como rubras gemas.

 

mas até que ponto se dará o conhecimento

desse parceiro ou parceira que se tem,

simplesmente por desvendar a sua nudez?

será no máximo um temporário julgamento

sobre um ato gentil que nos provém

ou ato de egoísmo que só traz desfaçatez.

 

A AMEAÇA DA NUDEZ III

 

mais importante que retirar-se a roupa,

sem dúvida é o desnudar do coração,

que não se troca num momento de paixão,

quando uma hora de amor é coisa pouca,

mais importante, é retirar-se a touca

que envolve a mente em larga proteção,

em que se espelha esse amor de criação,

só com o qual bem no fundo é que se toca.

 

e nem basta desvendar o peito e a mente,

que existe algo mais profundo em cada um,

essa força mais intensa e espiritual,

que em cada membro da raça está presente,

essa terceira capa que, em comum,

tão raramente, enfim, retira algum casal...

 

 

A AMEAÇA DO VOTO I – 12 OUT 22

 

quero votar num político defunto,

desses que agora não concorrem mais:

silveira martins, por motivos naturais,

me ocorre à mente, se penso nesse assunto.

quero votar, igualmente, no conjunto

daqueles políticos de ideias liberais

do partido libertador, que por razões irracionais

foi pela revolução desmantelado, junto

com os partidos de esquerda, que nos ameaçavam,

sob o pretexto de defender democracia,

enquanto apenas nos explorar buscavam,

embora o “pe-ele” tenha sido apoiador

do governo militar que se previa,

que ingratamente dispensou o seu louvor.

 

A AMEAÇA DO VOTO II

 

quero votar num político finado,

mesmo que tenha governado mal,

que ao invés de governar, fez carnaval:

pelo menos, saberei que estava errado.

na loteria das eleições eu sou logrado,

cada político eleito, no final,

faz o contrário da plataforma sua inicial,

talvez melhor me atendesse o derrotado!

não que acredite no presidencialismo,

qual praticado hoje em dia no brasil

e tampouco acredito em reeleição,

mas quando vejo da outra parte o seu cinismo,

fico pensando que, por mais que seja vil,

os seus defeitos sei muito bem quais são!

 

A AMEAÇA DO VOTO III

 

mas sobretudo, quero votar para o supremo!

que seja um cargo elegível igualmente,

não vitalício nem de pretensão onisciente,

que haja um limite para o seu veneno!

o seu orgulho e vaidade é o que mais temo:

como se atrevem a queixar-se realmente

de um ataque à democracia pela gente

que nunca os elegeu para timão e remo?

pois claramente hoje exerce a tirania

esse conjunto de pequenos ditadores,

que a constituição interpretar só deveriam,

que só ao executivo executar caberia

e fazer leis tão só os legisladores,

mas nos impõem muito mais do que podiam!

Nenhum comentário:

Postar um comentário