Nereczinka
5 – 13 fev 2022
“Mas
que perigo!” – saudou-o anãozinho.
“Quem
é você?” – indagou Pimentãozinho.
“Meu
nome é Kroshetnik... Você nunca ouviu falar (*)
nos
Miudinhos, que são vistos raramente?
Vejo
que não é dos nossos, é bastante diferente...
Mas
não parece que nos queira prejudicar...”
“Claro
que não! Nem sabia que existiam,
só
sei que insultos os meus pais ouviam,
dizendo
que um de vocês se intrometeu
e
que trocou a criança de meus pais,
por
qualquer de suas razões desnaturais:
mil
zombarias minha pobre mãe sofreu!”
“Isso
não passa de uma lenda perniciosa:
para
que queríamos uma criança desgraciosa,
grande
demais, para ter de alimentar?
E
por que criança nossa, ainda inocente
iríamos
abandonar à sua malvada gente?
Pior
que noção ruim, tolice é de lamentar!...”
Na
verdade, pouca gente já nos viu;
só
alguma criança é que nos pressentiu:
à
sua maneira, seu coração é “inocente”.
Sabemos
bem os seus olhos iludir,
para
evitar que nos venham perseguir:
seu
povo odeia o quanto é diferente!”
(*)
Pequenino, Minúsculo
“De
fato”, Nereczinka confirmou.
“Muita
gente de mim já abusou,
simplesmente
porque eu não crescia!
Foi
por isso que saí a correr mundo,
quero
encontrar algum lugar profundo,
em
que viver em paz eu poderia!”
“Não
acredito que deseje, realmente,
só
viver afastado de sua gente!
Quando
muito, deve sentir-se conformado
por
não poder fazer coisa melhor!
Mas
não faz parte de meu povo menor:
não
poderá entre nós ser abrigado...”
“Bem,
queria mesmo é fazer a minha fortuna
Onde
minha vida a ninguém mais repugna!”
“Você
não vai ficar pequeno toda a vida!”
“O
senhor acha? Minha mãe um dia teve um sonho
em
que eu crescia, mas acho ser bisonho:
tenho
quinze anos, minha altura ainda mantida!”
“Que
irá crescer, tenho eu plena certeza,
mas
vou primeiro ensinar-lhe uma proeza
de
como igual a gente grande parecer.
É
desse modo que todos nós fazemos,
como
iludir seu povo já aprendemos:
é
a melhor forma de nos proteger!...”
Nereczinka
6 – 14 fev 2022
Kroshetnik
lhe ensinou velho segredo
e
igualmente o procedimento mais completo
e
após dizerem as palavras de magia
“Lua
nova, Lua velha,
Meia
Lua, Lua e meia,
Qual
fulgor que te incendeia,
Qual
a luz que a Lua espelha?”
os
dois cresceram a humanas proporções,
mas
Nereczinka notou, sem ilusões
que
só na aparência é que ele crescia...
Logo
o gnomo voltou à antiga altura
e
lhe falou, com sinceridade pura:
“Isso
é apenas para o proteger
e
se, por acaso, alguém o atacar,
sempre
poderá dele se desembaraçar,
tão
somente por voltar a se encolher...”
“Porém
conserve isso na sua mente:
você
irá crescer igual sua gente
e
é bem provável ter grande estatura.
Adeus
agora, busque o seu destino!
Último
dom, neste final, lhe ensino:
“Tome
a estrada da direita, que é mais dura!
Kroshetnik
num instante já sumira
e
Nereczinka duvidou mesmo que o vira,
mas
foi seguindo firme pela estrada,
quando
encontrou uma raposa vermelha
e
logo seu tamanho adulto espelha:
fez
a raposa fugir em disparada!
Houve
mais peripécias no caminho,
mas
de uma forma ou outra, o pequeninho
conseguiu
todos os perigos superar,
até
avistar grande castelo à frente
e
como era pequeno, facilmente,
por
uma fresta do muro foi passar!
Sem
dar a mínima para as sentinelas,
Nereczinha
desviou só das janelas
e
ao chegar ao pés de uma parreira
que
percebeu ser mais difícil de galgar,
as
frases mágicas foi logo pronunciar,
para
os cachos estendendo a mão ligeira!
“Lua
nova, Lua velha,
Meia
Lua, Lua e meia,
Qual
fulgor que te incendeia,
Qual
a luz que a Lua espelha?”
Mas
enquanto algumas das uvas devorava,
certo
ruído de prantos escutava
e
retornando a ser pequenininho,
foi
andando, até linda jovem encontrar:
“Bela
donzela, por que estais a chorar?”
“Quem
é você? Algum duendezinho?”
“Não,
de fato. Sou totalmente humano,
apenas,
por qualquer motivo insano,
eu
não cresci até agora o suficiente,
mas
de homem adulto tenho a robustez
e
sei até como crescer de uma só vez!
Só
que esse encanto não é permanente...
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