Nereczinka
9 – 17 fev 2022
Subiu
depressa sobre uma cadeira
e
logo obteve a visão muito certeira
de
que as maçãs estavam a ferver!
Se
as quisesse ainda resgatar,
no
caldeirão as teria de agarrar!
E
não havia mais tempo a perder!
Com
a dor, soltou um grito penetrante
e
o dragão acordou-se nesse instante,
mas
no momento em que a rugir já começava,
Nereczinka
meio carneiro lhe lançou:
o
dragão não resistiu e o devorou,
enquanto
a mão na água quente ele enfiava!
Estava
quente, mas não em ebulição,
mas
só pôde conservar ali sua mão
o
tempo suficiente para pegar uma só maçã
e
logo o dragão tudo engolira,
suas
nove cabeças para seu lado gira,
resistir
ao monstro era tentativa vã!
mas
bem ou mal segurou outro pedaço
e
o lançou, evitando o mau abraço
e
o possível fogaréu desse dragão
e
enquanto a carne devorava a fera,
Nereczinha
se esforçou, sem mais espera,
outra
maçã a retirar do caldeirão!
Naturalmente,
tivera de crescer,
das
queimaduras nas mãos já a sofrer,
mas
quando o dragão de esguelha o espiou,
pela
carne nove cabeças a lutar,
a
última maçã conseguiu pegar
e
o terceiro pedaço de carne lhe jogou!
Com
as três maçãs dentro da bolsa da princesa
correu
para fora e, na maior presteza,
deu
três puxões na corda da cintura
e
os dois criados prontamente o alçaram,
mais
as maçãs! E os três correndo se afastaram,
o
dragão nas águas confuso e na lonjura!
Ele
chegou até o castelo e entregou
as
três maçãs que duramente conquistou
e
bem a tempo, que o rei seu pai chegava,
a
princesa Duylina com as maçãs ao colo,
porém
Nereczinka sentiu-se preso ao solo:
quis
encolher, mas não se transformou!
Então
saiu correndo bem depressa;
gritou para a princesa: “Não me esqueça!”
E
deu um jeito de pular o muro...
Duylina
nem sabia o que dizer
por
que as maçãs fora na bolsa recolher,
só
que assim considerava mais seguro!
Nereczinka
10 – 18 fev 2022
Mas
o rei e a nobreza, em excitação,
totalmente
confusos na ocasião,
nem
pensaram em mais nada indagar,
maravilhados
com o ouro verdadeiro
e
Nereczinka ocultou-se, bem ligeiro,
percebendo
que já estava a se curar!
Contudo,
as coisas não ficaram bem assim:
O
dragão deu falta das maçãs, enfim,
e
em voo rasante sobrevoou a cidade,
começando
a cuspir fogo e a revoar:
“Para
mim é fácil a todos vocês assar,
mas
vou mostrar como é grande minha piedade!”
“Vocês
me entregam, cada semana, uma mulher,
bem
tenra, para eu devorar como quiser!
Ou
será isso, ou toda gente eu queimarei!...”
Decidiram
então lançar as sortes
e
logo jovens, em correntes de bons portes,
eram
mandadas até o lago pelo rei!
Pedira
tenras, as mais velhas não queria,
somente
as moças, cuja carne mascaria
com
mais prazer e mais facilidade!
Em
grande pranto retornava a procissão,
famílias
cheias de dor no coração,
mas
única forma de salvar a sua cidade!
Até
que um dia, a sorte recaiu
sobre
Duylina e o rei não conseguiu
que
ela ao menos pudesse ser poupada!
Argumentara
que não tinha outro herdeiro
e
se morresse, sem outro filho ter primeiro,
seria
a terra por disputas arrasada!
Mas
tudo em vão. Duylina foi acorrentada,
a
multidão já fugindo, aparvalhada,
loucos
de assombro pela chegada do dragão!
Nereczinka
da notícia foi informado
e
logo apresentou-se do seu lado:
queria
as correntes abrir nessa ocasião!
“Se
eu te salvar, te casarás comigo?”
“Com
muito gosto, pois és meu bom amigo,
só
não sei se o rei meu pai consentirá...”
Mas
se eu conseguir dar cabo do dragão,
serei
o herói de toda a multidão...
Só
que a corrente, como se abrirá?”
“Ouvi
dizer que a chave o monstro tem,
precisarias
arrancar dele também!...”
Nesse
entrementes, surgiu o monstro do lago
e
vendo Nereczinka, mais furioso
se
demonstrou, e deu rugido pavoroso
com
as nove cabeças, como em coral gago!...
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