HÉRCULES E TRÓIA I – 23 FEVEREIRO 2022

(Laomedonte Vencido - mármore grego)

 

Muito mais coisas o crebro Hércules fez, (*)

que não caberiam, segundo os historiadores,

em todos os livros que na Terra existem;

uma certa liberdade é preciso que lhes dês,

porque essas obras dos antigos escritores

eram papiros, que escrever pouco permitem,

os pergaminhos só inventados bem mais tarde,

que bem mais fatos publicassem com alarde.

(*) Terrível, admirável

 

Foi, por exemplo, um dos garbosos Argonautas,

que o Mar Negro invadiram, na procura

do Tosão de Ouro da Cólquida e o encontraram;

já os mitostegos têm tão diversas pautas, (*)

que é necessário conciliar a história pura

com as diferentes versões que nos deixaram;

deste modo, dizem alguns que comandou

os Argonautas, outros dizem que os deixou...

(*) Os coletores e difusores de mitos.

 

Após por Omphale ter sido escravizado,

enfim Hércules retornou à sua Tirinto,

já recobrada totalmente a sanidade,

onde por seu amigo Telamon foi convidado

a participar dessa aventura, mas pressinto

que novamente existe aqui diversidade,

que ele e Telamon já teriam retornado,

após o Cinto de Hipólita ser roubado.

 

Outros dizem, que iniciada a expedição,

eles haviam em Sigeum desembarcado,

onde encontraram a filha de seu rei,

Laomedonte, na mais estranha situação,

o corpo de Hesíone totalmente desnudado,

acorrentada por inesperada lei

a um rochedo junto às praias troianas,

usando a tiara e demais jóias soberanas.

 

Segundo parece, o rei de Tróia, Laomedonte,

havia pedido a Posêidon e a Apollo,

que construíssem as muralhas da cidade

e novamente é preciso escolher fonte:

dizem alguns que sacrificaria no solo

o resultado inteiro de toda a fecundidade

de seus rebanhos, durante o seu labor,

sem que cumprisse desse trato o seu penhor.

 

HÉRCULES E TRÓIA II – 24 fev 22

 

Mas para si ele guardara a melhor parte

dos animais que gerara seu rebanho;

outros dizem que pagamento prometera

para num templo ser depositado aparte:

diário salário de um ano seria o ganho,

mas em semana pronta a obra percebera

e destarte só os pagou por sete dias...

Negar aos deuses porém jamais devias!

 

Assim Apollo lançou praga na cidade

e Posêidon lhes enviou monstro marinho,

a devorar os camponeses que encontrasse

e a cuspir água do mar em quantidade

sobre os campos, em ato bem mesquinho

que para futuras culturas os estragasse;

ou ainda que os sacrifícios só a Apollo fizesse,

sem a Posêidon dedicar uma só prece!

 

Deste modo, só ofendera ao deus do mar,

que lançara a praga e seu monstro enviou.

Laomedonte foi ao oráculo de Zeus,

sendo informado que para o monstro se afastar

deveria sacrificar Hesíone, porém se recusou,

que cada nobre sacrificasse ao deus

uma de suas filhas, até satisfazê-lo,

a sua perfídia a reforçar seu zelo.

 

Contudo os nobres, bem rapidamente,

mandaram as filhas para lugar distante,

com exceção de um certo Fenodamas,

que suas três filhas guardou secretamente,

mas Laomedonte descobriu o seu desplante

e ordenou que acedesse a seus proclamas;

Fenodamas perante a assembleia protestara,

que só a Laomedonte o Oráculo condenara!

 

E decidiu-se, enfim, lançar os dados;

e fossem estes honestos ou baseados,

sobre Hesíone caiu a sorte desta vez;

a Laomedonte forçaram seus subordinados

que a Posêidon pagasse seus pecados

e desta forma o sacrifício assim se fez;

porém suas correntes Hércules pertiu:

que a devorasse o monstro ele impediu.