A SERPENTE DE MOISÉS 1 – 19 ABR 21
Outro aspecto a causar um certo
enigma
foi a serpente de bronze levantada
por Moisés no deserto e destinada
a curar as feridas dessa esfigma; (*)
há na doutrina cristã certo querigma
(+)
dessa serpente ser previsão alçada
da vinda do Messias proclamada,
quando uma imagem a outra se
consigna.
Há mesmo exemplos na iconografia
com a serpente de um lado e em seu
oposto
a cruz futura ou de Jesus o rosto
a contemplar a tragédia que ali
havia,
particularmente na pentecostal
doutrina,
em que a serpente como símbolo se
ensina.
(*) pressão, intensidade
(+) doutrina
A SERPENTE DE MOISÉS 2
O que se acha no Pentateuco
claramente
é que a serpente não foi então
adorada;
contudo foi em santuário conservada
e depois reverenciada pela gente;
só um milênio depois fez-se presente
ao Rei Ezequias que era idolatrada
e o soberano a ordenou despedaçada,
fundida então para qualquer uso
premente,
embora o bronze, aos olhos dos
judeus,
representasse teimosia e obstinação,
só que adorar o invisível, realmente,
é bem difícil para a massa dos
sandeus,
que imagens querem para focalização
e para isso Moisés ergueu serpente.
A SERPENTE DE MOISÉS 3
No ser humano é natural a idolatria,
nem todos podem conversar no coração
com esse Deus invisível, de onde
estão
e uma imagem às igrejas chamaria,
como um foco que à prece serviria,
mesmo que seja uma real contradição;
ninguém me insista ser só veneração,
são mais imagens que o povo adoraria
e assim quando surgiram as cerastas,
cuja mordida é descrita como ardente,
afirmou ser um castigo o bom Moisés,
que para combater essas nefastas,
mandou fundir sua própria ênia
serpente, (*)
como um foco que cristalizasse as
fés.
(*) de bronze
A SERPENTE DE MOISÉS 4
Não que de fato tivesse forças
curativas,
se alguém tinha algum poder era o
profeta
e a Neushtan forma apenas indireta
de fazer crer que as picadas das
nocivas
fossem curadas por suas preces tão
ativas;
mas a serpente outra noção ainda
completa,
pois nahash à adivinhação conecta
e de nachash chamam víboras esquivas.
Assim não é que no tempo de
Ezequias
a serpente de fato se
adorasse,
mas era tida igual que
pitonisa
e algum esperto
interpretava nesses dias,
como se Jeová por tal
víbora falasse,
essa “cerasta na vereda” em
que se pise...
A SERPENTE DE MOISÉS 5
Mas o nome Neushtan só quer dizer
“pedaço de bronze” em tom de desprezo
e não um nome que de Moisés trouxesse
apreço,
dificilmente esse povo o iria dizer,
se bem que tudo é possível de se
crer,
há quem de fato atribua oposto peso
a palavras que refiram “o adubo
teso”,
usando o termo para algo que se quer,
algumas drogas referidas desta forma,
por quem delas se acostuma a
utilizar;
talvez o povo quisesse a cobra
desprezar,
na antonomásia da verdadeira norma
e tal qual uma serpente iludiu Eva,
outra serpente a combater do mal a
treva...
A SERPENTE DE MOISÉS 6
Mas a inconografia é bem suspeita,
por mais que traga sincera inspiração:
fazem Moisés enroscar nesse pendão
a tal serpente, qual em cruz sujeita;
mas ocorre ser a cruz em geral feita
no formato de T ou Tau nessa ocasião,
bem mais fácil de garantir-se a
punição,
sem um lugar em que a cabeça deita
e assim ver na serpente ali enroscada
talvez lembrasse bem mais da
Medicina:
para Esculápio ou Asclépio é que se
inclina,
com seu símbolo de um grego
caduceu...
E quem nos diz que Moisés, o sábio
hebreu
não conhecesse tal imagem consagrada?
SONETOS MONSTRUOSOS XII
O HOMEM-BOMBA I – 20 ABR 21
Minha vida não tem qualquer
significado
senão aquele que me dá a religião;
sei que os explosivos despedaçarão
este corpo com que estou acostumado,
mas se eu puder levar junto a meu
lado
os inimigos do sacrossanto Islão,
terá minha morte sua justificação
e após ela sei serem recompensado!
E mesmo que não haja um Paraíso,
(Setenta virgens de que me servirão?
Mais prazer me daria uma sharmuta) (*)
pela senda da jihad eu firme piso,
pois sei que muitos comigo morrerão
e por seus gritos ali estarei à
escuta!
(*) prostituta
O HOMEM-BOMBA II
Não tenho medo, pois sei que sou
herói
e no martírio encontrarei a
recompensa,
mas ao contrário do que muita gente
pensa,
não é o ódio que no meu peito rói,
mas um amor tão profundo que até dói
pela sacra religião da antiga crença,
quando percebo a idolatria tão densa,
fazer preciso a obra que a destrói!...
esses ímpios para o inferno seguirão
e que me importa que morra uma
criança
ou as mulheres que vão comprar comida
nessa feira populosa em que estarão,
quando eu morrer num grito de
esperança,
tendo a certeza de minha futura vida?
O HOMEM-BOMBA III
Não sei bem até que ponto minha Shariya (*)
corresponde, de fato, ao Alcorão;
os mandamentos de Maomé indicarão
que os inimigos do Islam se
enfrentaria,
mas onde achei esse verso que dizia
pouco importar se crianças morrerão
ou as pessoas inocentes que ali
estão,
quando a explosão a tantas mataria?
(*) Interpretação da lei islâmica
Porém confiança deponho em meu imã
ou no grão-mufti de Jerusalém,
sei que minha morte em nada será vã!
Pequena dúvida, contudo, se insinua:
se é obra meritória, então, também,
devia o imã despedaçar-se nessa
rua!...
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