BARRICADAS
1 – 3 ABR 21
A
teu redor se encontra certa proteção,
isso
que aura chamam os orientais,
que
mais não sejam teus cheiros corporais,
ou
o calor irradiado na ocasião;
claro
que existe perfeita detecção,
ao
infravermelho captam-se sinais,
pelos
mesmos sistemas habituais
que
à vida noturna fazem prospecção.
Mas
não é aura ou alma realmente
a
que se possa assim fotografar,
o
corpo astral não se pode assim gravar,
mesmo
que afirmem fotografar frequente
de
almas-penadas que se possa achar
onde
tragédia ocorreu antigamente...
BARRICADAS
2
Os
animais de sangue frio, contrariamente,
não
nos emitem essa idêntica expansão,
têm
outros métodos para manifestação
e
de esconder-se preferem claramente;
dizem
que onde fantasma se apresente
ou
criatura de igual má disposição,
surge
um espaço de gelada concisão,
arrepios
a provocar em toda a gente!...
porém
se a aura é uma coisa viva,
não
sobrevive então após a morte
e
deveria expressar-se por calor?
Ou
é apenas manifestação ativa
de
teu destino a partilhar a sorte
e
se dissipa junto ao teu vigor...?
BARRICADAS
III
A
alma é fria então, e se apresenta
nessas
nesgas de vida dissipada,
um
corpo austral da carne abandonada
que
uma falsa vida assim atenta?
Poderia
repetir de forma lenta
os
impulsos dessa vida recordada,
por
Ouija podendo até ser invocada
ou
por qualquer conclamação nojenta?
Aos
manes romanos se faziam libações
e
igualmente aos lares e penates,
os
mortos protetores de algum lar,
que
igual temiam como assombrações
cantados
sendo por sibila e vates,
aos
quais seria forçoso propiciar!...
BARRICADAS
IV
Contudo,
a proteção que te refiro
vai
muito além desse fantasmagórico,
discutível
em debates de retórico,
mas
abrange muito mais do que suspiro.
Com
meu espírito a cada dia conspiro
e
a cada noite, em dialogar eufórico,
mostro
da alma cada pendor disfórico
as
suas asas a me acolher em manso giro.
A
alma escusa que injuriaram os cuidados
durante
esses puros momentos dialogados,
purificada
parcialmente pelo sonho,
enquanto
nela se infunde esse sacrário,
do
renovo e inspiração depositário,
de
ti afastando cada espectro medonho.
SONETOS
MONSTRUOSOS IV
O
Vendedor da Morte I – 4 abril 2021
Eu
preciso diariamente desse brilho
Que
me mantém aceso para a vida,
Toda
a esperança para mim perdida,
Para
meu amo dia a dia me encilho;
Sem
essa droga eu sinto que me estilho,
Antes
sendo só realce para a lida,
Uma
energia a mais, a luz vivida,
Mas
agora diante dele me enrodilho.
Tremem
as mãos e então batem os dentes,
O
suor corre, a morte é meu ofício,
Demência
e calafrios a digladiarem;
E
é por isso que corrompo meus clientes,
Não
porque financiem o meu vício,
Mas
os levo a meu martírio partilharem!
O
Vendedor da Morte II
Era
inocente quando me aliciaram
E
no começo tudo se iluminava,
Cada
nova sensação se destacava,
Psicodélica
vida me mostraram,
Meu
cérebro e meus nervos se viciaram
E
já pequena dose não bastava,
A
cada dia mais eu precisava
E
as demais atividades me cercearam.
Logo
o que tinha em casa era trocado
Por
mais momentos de doce padecer,
Igual
orgasmo atribulado nesse pasmo,
Nada
mais de valor em mim achado,
Logo
o pasmo a desejar e não orgasmo,
Mais
um alívio do que qualquer prazer!
O
Vendedor da Morte III
E
nesse intento de satisfazer meu vício,
Tornei-me
escravo de meu fornecedor,
Passando
adiante o meu feroz pendor,
Forçosamente
a transmitir o malefício;
Sou
vaposeiro e vendo esse estrupício,
Sob
pretexto inicial de algum amor,
Ou
já entregando a um colega de pavor,
Eu
sou carrasco de um lento sacrifício...
Agora
sei que recentemente descobriram
Traços
do pó maldito nas narinas
De
alguns jovens que morreram de Covide,
Que
em pandemia no seu vício persistiram,
Abrindo
a porta às criaturas assassinas,
Novo
fator de risco que ali incide!...
Nenhum comentário:
Postar um comentário