Os
Leões de Daniel 1 – 22 abril 2021
Por
uma questão de princípio eu acredito
Em
cada narrativa do Velho Testamento,
Não
ponho em dúvida a existência do portento,
Nem
com a ciência percebo haver conflito;
O
relato da Criação tal qual descrito,
Nesses
seis dias de proclamado assento,
Confirma
a geologia em cada evento,
Na
mesma ordem em que ocorre o que foi dito.
E
os milagres do Êxodo, envolvendo
As
pragas do Egito e esses quarenta anos
Que
os Hebreus passaram no deserto,
Resultado
das erupções de Santorini sendo,
Essas
colunas de fumaça e fogo arcanos
Perfeitamente
explicáveis neste acerto.
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Leões de Daniel 2
Assim
foi Daniel lançado à cova dos leões,
Malignamente
mantidos esfomeados,
Acreditando
que sobre ele seriam lançados,
Nessa impiedade dos
Babilônios corações;
Porém
diverso de muitas outras ocasiões,
Permaneceram
os leões bem sossegados;
Em
pé Daniel, as feras de outros lados,
Sem
lhe tocarem em quaisquer agitações.
Isso
é explicável. Se Daniel ficou parado,
Envolto
em largas e longas vestimentas,
Os
leões não o consideraram alimento,
Pois
o Profeta rezava descansado,
Sem
emitir cheiro de medo em tal momento,
Nem excitar das alimárias as suas
ventas...
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Leões de Daniel 3
Mas
quando ali lançaram seus acusadores,
O
seu terrível temor foi revelado
Logo
o apetite das feras atiçado,
O
odor de medo a brotar de seus temores...
Já
o caso dos Mancebos, que louvores
Recusaram
aos deuses não é explicado
E
até hoje conserva-me intrigado
Sua
resistência da fornalha a seus calores...
Eram
os três Ananias, Mizael e Azarias,
Em
babilônio Shadrach, Mezech e Abed-Nego,
Mantendo
pura a sua alimentação,
As
carnes a recusar e outras iguarias
Sacrificadas
aos deuses, qual sacrílego
Procedimento
a contrariar sua devoção
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Leões de Daniel 4
A
sua sentença foi então bem mais cruel,
Sendo
lançados no ardor dessa fornalha,
Fogos
de óleo e de madeira e não de palha,
Mas
uma espécie de bolha, como anel,
Cercou
os três contra a fúria de Azrael,
De
nem um só de seus trajos queimou malha
E
ainda apareceu um quarto ali que os agasalha,
Cantando
hinos tão suaves quanto o mel.
Em
geral dizem que seria um arcanjo,
Quando
a força de sua fé os protegeu,
Mas
é tão só a religiosa explicação;
Como
astronauta também surgiu arranjo...
Eu
acredito que isto de fato sucedeu,
Mas
só por fé, em oposto da razão.
Os
Leões de Daniel 5
Tirando
a sugestão desses teóricos
Que
proclamam astronautas deuses serem
Ou explicações
no Talmude a se conterem
Ou
quaisquer controvérsias de retóricos,
Ou
dos fundamentalistas mais eufóricos,
Que
a cada verso literal querem se aterem
E
só um milagre neste fato verem,
Ou
argumentos até mais paregóricos...
Não
consegui dar forma racional
A
este evento tão sobrenatural,
Que
falando francamente, me incomoda!
O
meu único obstáculo, afinal,
A
uma leitura perfeitamente natural...
Como
explicar a ainda mais estranha coda?
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Leões de Daniel 6
Porque
o rei arrependeu-se do castigo
E de
Daniel o conselho então seguiu,
A
retirada dos condenados permitiu,
Mas
encontraram os algozes tal perigo,
Que
nas chamas morreram sem abrigo;
O
quarto vulto logo a seguir sumiu
E
os três desceram do fogo que rugiu,
Sem
sequer fuligem a trazer consigo...
E
novamente, foram seus acusadores,
Para
a fornalha por lanças empurrados,
Não
querendo chegar mais perto os soldados,
Naturalmente
morrendo em estertores...
A
minha dúvida porém permaneceu,
Pois
não entendo como isto aconteceu.
SONETOS MONSTRUOSOS XIV
O HINO DOS MONSTROS I – 22 ABR 21
Por ti passamos invisíveis pelas ruas,
que nossos crimes não se vêem na cara;
fossem visíveis, quem não disparara,
ao contemplar tais crueldades nuas...?
Já fomos vítimas, porém tais falcatruas
nós cometemos, em crueza impura e rara:
torturamos e matamos à luz clara,
após nascermos sob nefandas luas!...
Nas multidões marchamos sempre a sós,
respirando para todos malefícios,
nosso prazer tão só a perversidade;
pois é isso que fizemos todos nós,
trazendo outros para nossos vícios,
os Treze Apóstolos da Malignidade!...
O HINO DOS MONSTROS II
Muito embora ainda temamos punição,
temos orgulho daquilo que fazemos,
dominadores dos humanos mais pequenos,
cuja morte nos faz bem ao coração!
E quanto mais nossos malfeitos se
exporão,
mais seguidores nós encontraremos,
ainda agora que os celulares temos
como veículos para tal propagação!
Quando a imprensa expõe, alacremente,
os nossos crimes e lhes dá publicidade,
não nos dá condenação, na realidade...
Mas por ali influenciamos tanta gente
a praticar símiles atos de maldade,
sua natureza desde o berço já inclemente!
O HINO DOS MONSTROS III
E não me venham dizer que a tentação
de qualquer criatura apavorante
desses monstros a moral levou por diante:
são só exemplos da humana gestação;
sobrenatural não se busque explicação,
que o ser humano é bem capaz de delirante
maldade cometer e este descante
de nossos próprios gens traz a noção!
Porque assistimos, através da história,
tantos massacres de nossos irmãos,
de Judeus, Cátaros, Protestantes, pelas
mãos
de quem justificou tal sede inglória,
por religião, por política ou estética,
mesmo hoje a ver-se exemplos dessa ética!
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