CAPTURA I –
28 MAR 2021
Diante do olhos um corpo de mulher,
no apogeu de sua atratividade,
a sua nudez a revelar sinceridade:
é o domínio dos homens que ela quer.
Nada de errado se ela assim quiser:
pode escolher com maior facilidade
essa semente de reprodutividade,
a fim de ter a melhor prole que
puder.
Nem todas têm a mesma formosura
e se deixam seduzir por um qualquer,
enquanto sua atração ainda perdura,
mas todas vivem o perpetuar da raça
e seu instinto é que as leva a ser
depositório de semi-eterna graça...
CAPTURA II
Toda mulher conhece por instinto
o transitório dessa atratividade;
não há beleza de carnal perenidade
esse lamento no coração eu sinto.
Ao ver jovem beleza, então pressinto
a permanência da transitoriedade;
no corporal não se vê a eternidade,
futuras rugas dentro da mente pinto.
Isso faz parte do amor, parte de mim:
que possa lastimar nisso que existe
o que o futuro há de trazer-lhe
assim;
bem mais que eu ela se transformará,
a velhice da mulher é bem mais triste
nos grãos de luz que sua face
perderá.
CAPTURA III
Desde o momento em que a arte visual
se aprimorou, buscou-se conservar
para o futuro, antes de se desgastar
esse beleza então tida por ideal.
Povos antigos a conservaram mal,
sem terem técnica para a desfrutar,
apenas seu esboço a então guardar,
na angústia plena do decair final.
O ideal greco-romano se afirmou,
mas não por ser ideal, por ser real:
modelos vivos que alguém copiou.
E quando vejo essa beleza que restou
em fotografia do feminino sideral,
mil graças rendo a quem a conservou.
SONETOS MONSTRUOSOS
O SERIAL KILLER I – 29 MAR 2021
é quando mato que me sinto vivo:
maior prazer não há que o do estertor
da vítima em final ato de amor,
penhor final desse meu ato esquivo:
é quando a vida em seus lábios
desativo
que sinto o orgasmo mais arrebatador;
o mundo inteiro renovo nesse ardor
e a vida escapa para meu próprio
crivo;
essa mulher não rouba minha semente,
ao fingir que só permite o que mais
quer:
tirar de um homem sua vida
permanente!
certo lhe dou minha vida nesse
instante,
mas tomo a dela e então faço-me
mulher,
na execução de meu beijo delirante!..
O SERIAL KILLER II
dificilmente entendes o que sinto;
nem sei se agora posso te explicar:
a juventude ela conserva no expirar,
que não irá fenecer assim pressinto;
a sua beleza em conservar consinto,
vejo que é bela, mesmo sem se
maquiar,
mas logo a face se deixa a desejar,
a contrariar seu maternal instinto...
feliz aquela que jovem desfalece,
sem o seu degredar jamais sofrer;
de bela continuar sua oculta prece
que aos santos todos dirigir irá,
mas essa reza somente eu vou atender,
pois sua velhice assim nunca sofrerá!
O SERIAL KILLER III
talvez me julgues ser monstruosidade,
mas da velhice serei o executor,
sua morte jovem será meu ato de amor,
não passará pela transitoriedade;
e quando a mato, igual que divindade,
esse prazer que sinto, igual que a
dor
que lhe provoco no momento de pavor,
bela a conservo para a eternidade.
e em tal instante, sem pecaminosidade
eu realizo o verdadeiro matrimônio:
não busco a prole, somente o corpo
dela,
que então conservo, em ato de bondade
e nesse instante final, não sou
demônio,
porém arcanjo que preserva essa
donzela!
NA ILUSTRAÇÃO A ATRIZ FRANCESA
ANOUK AIMÉE, FAMOSA EM SEU TEMPO.
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