Capítulo Dois – 28 out 2021
“Pois realmente, uma história tão bonita,
como a de Mawgli, o Menino-Lobo,
ficou ridícula nessa animação!...
Mas tudo bem, hoje é o último dia,
seu resultado me alegra e me concita
à recompensa, por um certo arroubo
e meia-hora mais cedo sairão:
pensem que foi Papai Noel que o sugeria!
Os alunos, surpresos, hesitaram,
mas a seguir se foram levantando:
“Obrigado, Professor!” – foram dizendo.
“Não vão comer demais neste Natal!”
“Até o outro semestre!” – eles falaram.
“Até Janeiro!” – disse o mestre, concordando,
pelos bancos vazios o olhar correndo:
É
uma bela turma, essa, afinal!
Sei
que me chamam de Velho Barba-Torta,
mas
só pelas minhas costas, certamente,
e
até pensam que seja algum segredo,
mas
seus pais e seus avós já me chamavam...
E
nas reuniões de ex-alunos se comporta
um
grupo deles, de forma reverente:
vem
apresentar-me desculpas e eu concedo,
porque
de Barba-Torta então me apelidaram...
Todos
eles pelo nome eu conhecia
ou
por seus sobrenomes, realmente,
como
é costume nos Estados Unidos...”
Fechou a sala e saiu ao corredor;
dos que encontrava, então se despecia,
com malas ou mochilas, claramente
indo pegar trens ou ônibus conhecidos,
salvo quem tinha um carro a seu dispor.
Morava perto da escola o professor,
na verdade, do outro lado do caminho,
em que alugava um chalé bem espaçoso
e pretendia escutar hoje O Messias
de Händel, interpretado com louvor,
no alto-falante de seu velho radinho:
era um programa, de fato, primoroso,
da Rádio Acadêmica, em cuidadosas vias.
Com um sorriso, a si mesmo confessava
que a seus alunos folga dera hoje mais cedo,
porque às cinco começava a transmissão,
que desejava escutar desde o começo;
mas o bedel, no corredor já o chamava:
“O Diretor quer falar-lhe!” Sentiu medo,
um leve baque no seu coração:
Que não
demore em demasia, é só o que peço!
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