sábado, 18 de dezembro de 2021


 

 

O APITO ENFERRUJADO

(Baseado em conto de H. F. Brimsmead, traduzido e

adaptado em forma poética por William Lagos).

 

Capítulo Primeiro – 26 out 21

 

As quatro irmãs andavam pela estrada,

quais borboletas em alegre revoada;

bem poucos conheciam o seu caminho,

que era a Estrada dos Velhos Condenados,

inteiramente aberta por trabalhos forçados,

hoje escondida por trepadeiras em espinho.

 

Somente os velhos recordavam do sendeiro,

por entre um bosque pouco hospitaleiro,

mas um dia Susan, procurando seu cãozinho,

pelos arbustos espinhosos se enfiou

e a velha trilha esbranquiçada ali encontrou,

ervas selvagens entre o cascalho do caminho.

 

O calcáreo fora muito bem compactado,

mais de séculos antes, embora conservado

ainda intacto na maior parte da extensão;

mas a estrada nova fora construída,

muito mais sólida e larga e já esquecida

a carreteira abandonada à contra-mão.

 

Susan contara às suas três irmãs

e nesse dia a percorriam com afãs,

sem terem medo da mata que oprimia,

até o ponto em que ficava mais cerrada,

a que não mais se atrevia a criançada,

escura e triste, mesmo ao sol do meio-dia...

 

Este era o seu esconderijo bem secreto;

não que houvessem provocado desafeto

de seus pais, mas aventura e fantasia

e nessas longas tardes de verão

seguiam as quatro na maior exaltação,

para colher os junquilhos que lá havia...

 

Mas um dia, gritou Nancy: “É uma serpente!”

“Coisa nenhuma!” – zombou Célia, impertinente,

“É apenas um galhinho negro e velho!”

“Não, é uma cobra!” – disse Susan, cuidadosa,

porém Célia, sem estar nada temerosa,

a mão estendeu, indiferente a seu conselho!

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