domingo, 5 de dezembro de 2021


 

 

O DEUS SEDUTOR XIV – 04 nov 21

 

E a Deusa dos Destinos e Desejos,

Embora dele sua identidade suspeitasse,

Teceu sua teia para capturá-lo

E recebeu as Águas, sem abalo,

Para que o próprio destino lhe agradasse

E por desejo de Águas Doces e seus beijos!

 

Mas de manhã, Shamash, o Sol, abriu um talho

Por entre o véu esbranquiçado do nevoeiro

E Enki a contemplou, firme nos olhos

E novamente se lhe ergueram os antolhos:

Tampouco nela encontrou seu amor primeiro

E abandonou-a, transformado em orvalho...

 

Uttu, magoada, chorou lágrimas preciosas

E jurou não se prender às Águas Doces...

Alguns destinos seguiram os desertos,

Desejos áridos foram então despertos,

Que do Fado e do Porvir não tomam posses

Nem sequer as divindades poderosas!...

 

E retornou a Nimmursaya, tristemente,

Dizendo acreditar-se fecundada

Por toda a sedução das Águas Doces...

“Eu te ordenei que sozinha ao rio não fosses!”

“Eu não fui, mas pelas chuvas fui achada...”

“Então enterra no solo a tua semente!...”

 

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