domingo, 26 de dezembro de 2021


 

 

O VELHO PROFESSOR

{Sobre conto de Rod Serling (possivelmente inspirado em

Adeus, Mr. Chips, de James Hilton), traduzido e adaptado

em forma poética por William Lagos.}

 

Capítulo Primeiro – 27 out 2021

 

Um professor com setenta e oito anos

em certa escola lecionava havia sessenta;

era de fato conhecida academia

para rapazes, formação preparatória

para a universidade, seus méritos arcanos,

humanidades e ciências, que se tenta

ensinar a cada aluno que a assistia,

literatura, geografia e história.

 

Ele iniciara a lecionar ainda mocinho,

como substituto de um catedrático

e em pouco tempo já se transformava

da cadeira de Literatura o titular;

e a cada ano retomava o seu caminho,

submetido a um quesito enfático,

que o Conselho a cada ano reconsiderava

se de novo o deveriam contratar.

 

Mas isto se tornara já em rotina,

só a questão de assinar novo contrato,

que sem problemas era renovado;

os seus colegas mais velhos indo embora

e a maioria dos alunos ainda se inclina

a matricular os filhos – e até netos, de fato,

em tal colégio prestigioso e afamado:

de bisnetos chegaria em breve a hora!...

 

No final de um semestre, era costume

dar férias de verão ou de Natal,

quando os internos retornavam para o lar;

no meio do ano é que chegava o seu verão,

sendo o hemisfério norte; e o cume

do inverno era ao fim do ano natural,

sendo a metade só do ano escolar;

mas era a época de haver renovação

 

dos contratos, por tradição antiga,

embora o ano escolar não terminasse.

Aproximando-se as férias de Natal,

dava a última aula o professor,

lendo poesias com voz sonora e amiga,

embora a turma meio bocejasse,

sem que, de fato, fizessem-no por mal:

era o último período e havia torpor.

 

Mas ele lia John Dunne e Edgar Poe,

até que se cansou de declamar

e disse à turma, disfarçando a alegria:

“Para minha surpresa, todos vocês passaram,

alguns mesmo com louvor. Parabéns dou.

É bem verdade que Shakespeare fui sortear

e Rudyard Kipling, que toda a classe conhecia,

que mais não fosse, pelas obras que filmaram!”

 

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