O VELHO PROFESSOR
{Sobre conto de Rod Serling (possivelmente inspirado em
Adeus,
Mr. Chips, de James Hilton), traduzido e adaptado
em forma poética por William Lagos.}
Capítulo Primeiro – 27 out 2021
Um professor com setenta e oito anos
em certa escola lecionava havia sessenta;
era de fato conhecida academia
para rapazes, formação preparatória
para a universidade, seus méritos arcanos,
humanidades e ciências, que se tenta
ensinar a cada aluno que a assistia,
literatura, geografia e história.
Ele iniciara a lecionar ainda mocinho,
como substituto de um catedrático
e em pouco tempo já se transformava
da cadeira de Literatura o titular;
e a cada ano retomava o seu caminho,
submetido a um quesito enfático,
que o Conselho a cada ano reconsiderava
se de novo o deveriam contratar.
Mas isto se tornara já em rotina,
só a questão de assinar novo contrato,
que sem problemas era renovado;
os seus colegas mais velhos indo embora
e a maioria dos alunos ainda se inclina
a matricular os filhos – e até netos, de fato,
em tal colégio prestigioso e afamado:
de bisnetos chegaria em breve a hora!...
No final de um semestre, era costume
dar férias de verão ou de Natal,
quando os internos retornavam para o lar;
no meio do ano é que chegava o seu verão,
sendo o hemisfério norte; e o cume
do inverno era ao fim do ano natural,
sendo a metade só do ano escolar;
mas era a época de haver renovação
dos contratos, por tradição antiga,
embora o ano escolar não terminasse.
Aproximando-se as férias de Natal,
dava a última aula o professor,
lendo poesias com voz sonora e amiga,
embora a turma meio bocejasse,
sem que, de fato, fizessem-no por mal:
era o último período e havia torpor.
Mas ele lia John Dunne e Edgar Poe,
até que se cansou de declamar
e disse à turma, disfarçando a alegria:
“Para minha surpresa, todos vocês passaram,
alguns mesmo com louvor. Parabéns dou.
É bem verdade que Shakespeare fui sortear
e Rudyard Kipling, que toda a classe conhecia,
que mais não fosse, pelas obras que filmaram!”
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