O CASTELO ASSOMBRADO
Capítulo Dez – 30 nov 21
“Mas, afinal, o que foi que aconteceu?”
Indagou o forasteiro, já curioso.
“Certo dias, todos nos embriagamos
e cometemos um ato pavoroso:
uns aos outros nos decapitamos,
dos oito o sangue nos pisos escorreu!...”
“E então o sangue se aglutinou,
tomando o aspecto de um mágico vermelho:
“Sois meus últimos descendentes, infelizes!
Tereis o castigo de meu antigo relho:
durante séculos se repetirão tais crises!”
De novo em nós o sangue penetrou!”
“Mas as cabeças não voltaram ao lugar;
nossas esposas também sofrendo a maldição
e igualmente nossos servos e criados,
massacrados por nossa própria mão,
porque tomaram os diferentes lados,
sofrendo assim nosso castigo milenar!”
“Só poderia ter final o encantamento
quando um homem sem medo nos surgisse,
que por nós assustar não se deixasse,
por piores truques que se lhe sugerisse
e que nenhuma ação maligna o expulsasse.
A ti devemos nosso maior agradecimento”
“Diante de nós permaneceste impassível
e assim nós te daremos um desejo,
seja o que for que nos venhas a pedir;
podes agora manifestá-lo sem ter pejo,
porém há pressa, que logo ira sumir,
cantando o galo, este castelo incrível...
“Muito agradeço a sua oferta generosa,”
Disse o viandante, com voz embargada,
“mas só uma coisa é que eu desejaria,
sem que, de fato, queira pedir mais nada,
que além de vosso alcance se acharia,
qualquer outra só me seria desonrosa...”
“Nisto se engana, meu caro viajante:
durante os séculos que durou o encantamento,
procuramos em todos os livros de magia
para afastar de nós este portento,
que entre nós o ancestral deixado havia:
nada encontramos, mas sabemos o bastante
para dizer quem você é e de onde vem:
sois o rei desse país nosso vizinho;
foste afastado por outro encantamento,
seu tio é um mago de poder mesquinho,
que lançou sobre vós esse porento,
seu teleporte a provocar também!..
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