O MENINO SEM CABEÇA II –
3 dez 21
“É um milagre de Nossa
Senhora!”
Afirmava-se agora pela
aldeia;
No buraco do pescoço
entrava a ceia,
o almoço e o jantar, sem
mais demora!
Logo ajudava o seu pai na
plantação,
com um chapéu amarrado no
casaco;
lavava louça se provocar
um caco,
até as fraldinhas mudou
de cada irmão!
Porque a família era
muito religiosa
(a maior parte dos
irlandeses são católicos)
e praticava os deveres
mais bucólicos
de crescer e
multiplicar-se, prestimosa...
Inicialmente, houve até
certo receio:
e se os outros também
nascessem sem cabeça?
“Rezem bastante! O dom de
Deus não cessa!
De serem os outros
normais haverá um meio!”
E realmente, os outros
nove irmãos
vieram ao mundo
perfeitamente cabeçados,
mas estranhamente, um tanto
retardados
se ao sem-cabeça fizessem
comparações.
Rudolf de longe era o
mais inteligente,
mas continuava sem ter
uma cabeça
e era preciso que a
alguém a peça,
que não ficasse
espantando toda a gente!
A mulher do padeiro,
compassiva,
um dia lhe deu uma cabeça
de farinha,
pintou olhos e boca,
ficou bem bonitinha,
tinha até mesmo uma
expressão altiva!
Porém Rudolf mostrou-se
agradecido,
mas disse que a cabeça
lhe impedia
de respirar e assim ter
de recusar precisaria:
“Por sua bondade, me
sinto comovido!”
E as coisas iam até bem
transcorrendo,
mas os irmãos de Rudolf
já cresciam
e embora em nada mais se
surpreendiam
e um certo medo de fato
iam perdendo,
um certo número de seus
companheirinhos
troçavam deles por causa
desse irmão,
não faltando quem falasse
em ocasião
que todos eles não
passassem de monstrinhos!
E embora o mais velho
sempre os ajudasse,
aos poucos dele começaram
a se afastar:
“Não mais queremos
precisar brigar,
quando de nosso irmão
alguém troçasse!”
E desse modo, o menino
sem cabeça,
agora já um homem forte e
adulto,
ao contemplar a sombra de
seu vulto,
de sua aldeola decidiu
partir depressa!
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