sexta-feira, 4 de março de 2022


 

 

O CASTELO ASSOMBRADO

Capítulo Oito – 28 nov 21

 

Então encheu dois copos e, com delicadeza,

um colocou perante o anfitrião:

“Com um brinde lhe queria agradecer,

mas me desculpe a minha indiscrição:

talvez brindar-me não poderá fazer,

mas reconheço toda a sua gentileza!”

 

“À sua saúde!” – respondeu a cabeça

e o seu braço esquerdo ele estendeu,

tomou o cálice e na boca o derramou;

bem claramente um gargarejo sucedeu,

pelo pescoço que a cabeça não tocou!

“Assim respondo ao brinde que me peça!”

 

“Não se assustou nem agora, meu amigo?”

“Mas por que me assutaria?  Foi cortês,

pior seria caso o vinho esperdiçasse

e a linda toalha encharcasse por sua vez

e até meu colo ele se derramasse...

Essa seria uma atitude de inimigo...”

 

O homem sem cabeça bateu o pé no chão

e, de repente, surgiram sete iguais,

suas cabeças sob os braços segurando.

“Ele afirma não ter medo, concordais?”

As cabeças sob os braços careteando,

sem o visitante aceitar provocação.

 

“Então não sente qualquer medo de nós?”

“Por que haveria de lhes sentir pavor?

Tenho minha espada para me proteger

e todos os oito já me fazem o favor

de virem sem cabeça!  Nem preciso me mexer

e até prefiro não ficar aqui a sós!...    

 

Então o primeiro soltou grito estridente:

o gato-leão saiu de sua lareira,

o troll negro se aproximou da mesa,

o gigante e o anão junto à sua cabeceira,

três dúzias de monstros em fileira bem coesa,

a se apertarem numa roda constringente!

 

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