quinta-feira, 24 de março de 2022


 

 

O MENINO SEM CABEÇA VI – 7 dez 21

 

“Aquele homem entre as sombras se escondeu,”

disse a Princesa Rosaflor.  “É algum segredo

que ele está guardando!  Tenho medo:

algum feitiço com o mago ele aprendeu!...”

“Apareça já!” – exigiu o cavaleiro.

“Não vou lhe dar cabeça, coisa alguma!

Para igual destino a sua cabeça ruma

que minha espada deu à do feiticeiro!...”

 

“Diga porquê.  Não lhe fiz mal algum,

nem tampouco à sua bela princesa!

Pergunte a ela, que dirá com certeza

que nunca me viu aqui ou em lugar nenhum!”

“De fato...” – com meiguice,  disse Rosaflor.

“Eu nunca vi do mago um ajudante,

com sua varinha levava tudo adiante,

sem precisar de qualquer auxiliador...”

 

“Mesmo assim!  Apareça logo, agora!

Senão vou até aí cortar a sua cabeça!”

“Isso eu duvido.  Por mais que força meça,

a minha não cortará em qualquer hora...”

O cavaleiro ainda mais queria se exibir,

para mostrar valor à sua donzela:

“Saia do escuro, chegue perto da janela,

está querendo ao escuro me atrair!”

 

“De chegar perto não faço objeção,

mas não poderá cortar a minha cabeça!

Não se incomode se pedir lhe peça

que não tentará me furar o coração

ou, quem sabe, me cortar um braço?”

“Para quê?  Só cortarei a sua cabeça!”

“Pois para a luz eu seguirei depressa,

desde que aceite o pedido que lhe faço...”

 

“Tem minha promessa de que só vou decapitá-lo!”

“Pois seja então como o senhor quiser,

mas tem certeza? Não quero assustar a sua mulher.”

“Ande logo! Senão, avanço e irei matá-lo!”

“Pois bem, vou acreditar em sua promessa,

tenho sua palavra como um cavaleiro?”

“Claro que tem, mas ande bem ligeiro!

É preciso que lhe corte sua cabeça!...”

 

Então Rudolf saiu direto para a luz

e o cavaleiro ficou estupefato:

“Mas como assim?  Por que o desacato,

por que um bruxo anda com uma cruz?

Onde está a sua cabeça?  Como a irei

cortar, se só vejo o seu pescoço...?”

“Nunca tive cabeça...” – disse o moço.

“É por isso que a do mago eu desejei...”

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