QUANDO
AMOR COMANDA I – 5 MAR 22
(Dinah Shore, cantora romântica)
Amor
é uma ladeira que escorrega
direto
ao fundo de teu coração,
sem
ser cortada por qualquer paixão,
mas
cobrando de ti total entrega.
A
cada parte de ti amor se apega,
nunca
se atém à brevidade da ilusão,
que
bem depressa se evolaria em ocasião:
é
a planta virgem que teu sangue rega.
Quando
te assola, em rito imponderável,
sempre
se faz totalmente irresistível,
nunca
em carnal desejo transitório,
que
satisfeito, se esvairia miserável,
para
perder-se em qualquer paço inglório,
enquanto
o amor já e de si inexaurível.
QUANDO
AMOR COMANDA II
Amor
é algo que, quando se instala,
não
pode mais ser fácil impedido;
aos
poucos cresce é torna-se incontido,
quando
o percebes, é que já te avassala.
Não
é amor só a ilusão que embala,
nem
o desejo que quer ser atendido,
é
algo que te aborda, não um destino tido,
conselho
mudo que jamais se cala.
Claro
que podes renegar o amor,
porém
não impedir seu crescimento,
quais
que sejam tuas circunstâncias;
mesmo
encadeado por fortes instâncias,
fica
no peito qual vibrante ardor,
a
mastigar todo o alheio sentimento.
QUANDO
AMOR COMANDA III
Porquanto
amor de tua vontade é alheio,
desliza
em ti sem te dar satisfação,
quer
por revolta de teu coração,
quer
por motivos de maior receio;
é
escorredio e te arrasta de permeio,
crescendo
em ti a despeito da razão;
mais
forte fica se encontrar abnegação,
da
mente inteira a comandar o veio.
Nele
te atolas, quer sendo reprimido,
quer
sendo inteiramente satisfeito,
que
existe fora, alheio à tua vontade,
pelo
interno e exterior a ser nutrido,
recrudescendo
por seu pleno direito,
a
tripudiar sobre tua inteira humanidade.
A
TRINDADE EGÍPCIA I – 6 MAR 22
Tambem
os Egípcios tinham sua trindade,
muito
diversa desta que adoramos:
“Deuses,
homem e animal”, qual deciframos
nos
hierógrifos dessa arcana humanidade;
participa
o humano da animalidade
e
não alcança de Osíris tons diáfanos,
senão
depois que em balança contemplamos
suas
ações medidas em sua totalidade.
Contra
uma pena, nos pratos da balança,
seu
coração é pesado com cuidado;
se
demonstrado mais maciço do que a pena,
é
devolvido ao corpo, que se lança
por
um alcapão, em total religiosidade,
para
ser devorado ao fim da cena.
A
TRINDADE EGÍPCIA II
Claro
está que a pena mística devia
ser
feita de metal, caso contrário,
nenhum coração humano
atrabiliário
a tal comparação
resistiria!...
Aos Faraós, é natural,
se perdoaria
essa prova de valor tão
multifário;
já Osíris eram desde
o seu sacrário:
sua múmia direto ao deus se integraria!
Se bem que, de fato,
o régio coração
fosse em um dos vasos
canópicos guardado,
sem que chegasse a
ser mumificado;
será que o Faraó,
nessa ocasião,
seguiria para Osírios
incompleto,
ou ascendia seu Ká de
modo mais secreto?
A
TRINDADE EGÍPCIA III
Em
simbolismo, cada egípcia divindade
ostentava
uma cabeça de animal
e
os sacerdotes, em seu ínclito ritual,
usavam
máscaras a representar sua potestade.
Certamente
os animais, na antiguidade
eram
igualmente protegidos contra o mal,
pela
sua consagração ao divinal,
muitos
tornados em múmias de verdade.
Mas
o rosto humano era tido como impuro,
portanto
os deuses repudiavam sua feição,
mas
de animais em inocência consagrados;
que
nenhum egípcio se tivesse por seguro,
mas
submetido à tríade em sua humilhação,
por
suas mentiras e seus temores sopesados.
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