segunda-feira, 28 de março de 2022


 

 

O MENINO SEM CABEÇA VIII – 9 dez 21

(O Médico da Corte)

 

Despediu-se, em seguida, do casal,

que Fortinbrás pôs Rosaflor sobre sua sela

e já saiu cavalgando com sua bela.

Rudolf encheu de ouro um embornal

e saiu andando muito alegre pela noite.

Foi bem a tempo. Desmoronou-se o castelo!

Rudolf lamentou um prédio tão belo,

mas em seu rosto sentia agora um frio de açoite...

 

Ora, Senhor!  Eu sempre quis uma cabeça,

mas não pensava que fosse tão pesada!

Vamos em frente, que não há de ser nada,

com o exercício me aqueço bem depressa!

Nunca antes sentira fome de verdade,

que o cérebro exige muita nutrição;

Mas ter cabeça causa só incomodação:

Até o sono tem maior intensidade!

 

Eu nem sabia o que era bocejar

ou que os olhos ficassem bem pesados!

Às vezes, sete dias bem contados

passava sem dormir ou cochilar!

Qual a vantagem de ter uma cabeça?

Até agora, eu vivia muito bem

e sem cabeça posso continuar também!

Tirou-a dos ombros, já com certa pressa!

 

Sem se dar conta que chegara a uma cidade,

atirou-a simplesmente para um lado!

E a acertou no triscorne de um soldado, (*)

o seu chapéu derrubando, sem maldade...

Mas quando o homem se abaixou para o pegar,

viu a cabeça que também havia rolado!

Segurou-a pelos cabelos, espantado

e viu Rudolf de pé, sem se abalar!

(Chapéu antigo de três pontas)

 

Sem saber ao certo o que fazer,

simplesmente a entregou para o rapaz,

que a pôs nos ombros num zás-trás,

mas ao contrário, sem nem perceber!

E nesse espanto geral de toda a gente,

em uma maca improvisada e meio torta,

muito depressa o corpo se transporta

para um consultório local, urgentemente!

 

“Mas quem a pôs de volta no lugar?” –

falou o médico, até maravilhado.

“Foi ele mesmo e sem sangue derramado!”

“Mas que está vivo não posso duvidar!...”

Então o médico os olhos arregalou

e atrapalhado o seu nome perguntou.

“Eu sou Rudolf...” – logo o rapaz falou.

“Saiam todos!” – o cirurgião lhes ordenou.

 

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