O MENINO SEM CABEÇA VIII
– 9 dez 21
(O Médico da Corte)
Despediu-se, em seguida,
do casal,
que Fortinbrás pôs
Rosaflor sobre sua sela
e já saiu cavalgando com
sua bela.
Rudolf encheu de ouro um
embornal
e saiu andando muito
alegre pela noite.
Foi bem a tempo.
Desmoronou-se o castelo!
Rudolf lamentou um prédio
tão belo,
mas em seu rosto sentia
agora um frio de açoite...
Ora, Senhor! Eu sempre quis uma cabeça,
mas não pensava que fosse tão pesada!
Vamos em frente, que não há de ser nada,
com o exercício me aqueço bem depressa!
Nunca antes sentira fome
de verdade,
que o cérebro exige muita
nutrição;
Mas ter cabeça causa só incomodação:
Até o sono tem maior intensidade!
Eu nem sabia o que era bocejar
ou que os olhos ficassem bem pesados!
Às vezes, sete dias bem contados
passava sem dormir ou cochilar!
Qual a vantagem de ter uma cabeça?
Até agora, eu vivia muito bem
e sem cabeça posso continuar também!
Tirou-a dos ombros, já
com certa pressa!
Sem se dar conta que
chegara a uma cidade,
atirou-a simplesmente
para um lado!
E a acertou no triscorne
de um soldado, (*)
o seu chapéu derrubando,
sem maldade...
Mas quando o homem se
abaixou para o pegar,
viu a cabeça que também
havia rolado!
Segurou-a pelos cabelos,
espantado
e viu Rudolf de pé, sem
se abalar!
(Chapéu antigo de três
pontas)
Sem saber ao certo o que
fazer,
simplesmente a entregou
para o rapaz,
que a pôs nos ombros num
zás-trás,
mas ao contrário, sem nem
perceber!
E nesse espanto geral de
toda a gente,
em uma maca improvisada e
meio torta,
muito depressa o corpo se
transporta
para um consultório
local, urgentemente!
“Mas quem a pôs de volta
no lugar?” –
falou o médico, até
maravilhado.
“Foi ele mesmo e sem
sangue derramado!”
“Mas que está vivo não
posso duvidar!...”
Então o médico os olhos
arregalou
e atrapalhado o seu nome
perguntou.
“Eu sou Rudolf...” – logo
o rapaz falou.
“Saiam todos!” – o
cirurgião lhes ordenou.
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