O MENINO SEM CABEÇA IV –
5 dez 21
Desiludido, subiu a uma
montanha;
de árvores de fruta havia
quantidade;
uvas e amoras, com
naturalidade,
enfiava no pescoço em
pura manha!
E depois, a sentir-se bem
cansado,
num paredão encostou-se a
cochilar;
não tendo olhos, não os
precisou fechar,
sem da parede ter nada
desconfiado...
Pensava fosse um castelo
abandonado,
que havia muitos por
aquelas terras,
em resultado de
constantes guerras
e assim se pôs a dormir,
bem descansado;
mas o silêncio em breve
foi quebrado
por duas vozes ferozes
e irritadas,
que a parede tranmitia,
se bem meio abafadas,
já de seu sono totalmente
despertado!
Uma sonora voz masculina
ameaçava:
“Mago ruim, vim para
castigar-te,
com minha espada vou
atravessar-te!”
Mas a outra de imediato
contestava:
“Não és mais que um
atrevido cavaleiro,
mas sou um mago poderoso
e eterno
e meu castelo é a
antecâmara do inferno!
Vai-te daqui ou morrerás
ligeiro!”
Pensou Rudolf: Mas que falta de sorte!
Tanto lugar para se cochilar
e eu venho justamente me deitar
perto do inferno e sua terrível corte!
E já pensava em sair dali
depressa,
quando escutou de novo o
cavaleiro:
“Mago terrível,
devolve-me ligeiro
a minha noiva e te
escaparás dessa!”
“De forma alguma,
paladino, vai-te embora!”
“Não sem que antes me
devolvas Rosaflor,
a minha noiva e meu único
amor!”
“Desiste logo ou vais
morrer agora,
que te posso transformar
em peixe ou rato
ou então, simplesmente,
te engolir!
Por mais que pretendas te
iludir,
eu me transformo em
poderoso gato!”
“Não importa qual seja a
fantasia,
por mais nefanda tua
malevolente arte,
Deus me protege e vou
decapitar-te:
com um só golpe tua
cabeça cairia!”
E quando ouviu a menção
de uma cabeça,
Rudolf mudou logo de
intenção:
pela parede foi tateando
com sua mão
e um portão atravessou na
maior pressa!
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