A FADA
ARANHA IX – Revisado 19 jan 22
Marchou
Leora em direção ao norte,
com a
Água no cantil, Pão no bornal
e mais um
saco de moedas esverdeadas,
por
enfrentarem o ar, azinhavradas
e se
dispôs a buscar a melhor sorte...
Mas assim
que ela partiu, o rei ordenou:
“Leve
esse bicho para o lugar de que o tirou!
Mal
consigo contemplar tal ser nojento!...”
Então
mandou chamar, em tal momento,
Mordomo e
aia, para premiá-los, afinal!...
“Vocês agiram muito bem e a recompensa
ser-lhes-á paga por meu tesoureiro!...”
Sem discutir, todos dois agradeceram
e a Aranha Negra levou seu carcereiro,
para guardá-la na masmorra imensa...
Eram elas símbolos da antiga dinastia
e Belezzar a sua raiva só fingia,
como pretexto para mostrar ao povo,
na eliminação do último renovo
dessa linhagem que reinara ali primeiro.
De fato, não esperava que Leora
de sua missão jamais pudesse retornar;
e se o fizesse, tarde demais seria,
porque a menina muito antes mataria...
De qualquer modo, ordenou que tropa fora
Leora em todo o caminho a espionar...
Se por acaso, chegasse a retornar,
que a lançassem num buraco fundo!...
Pois votava a Leothar ódio profundo
E só queria mais mal lhe provocar!...
Após um
mês de marcha, sem sucesso,
a uma floresta
tenebrosa chegou Leora,
sendo
atacada por um bando de ladrões!
Desapontados
com o cinábrio dos dobrões,
bastante
depreciados no seu preço,
eles
abriram seu cantil e seu bornal,
recuando
ao ver como cheiravam mal
aquele
Pão e aquela Água que repassa:
“Vá-se
embora! É mensageira da desgraça!”
E até as
moedas lhe devolveram nessa hora...
A FADA
ARANHA X – Revisado 20 jan 22
Sem
entender por que a haviam libertado,
ia Leora
prosseguindo o seu caminho,
quando os
ladrões, sem aviso, retornaram
e sem palavra,
num poço seco a derrubaram,
sem
qualquer súplica lhe terem escutado!
Ela batia
com força nas paredes,
Mas o
Manto a protegia como redes
e caiu em
pé sobre seus dois Tamancos,
mas nesse
escuro só se movia aos trancos,
presa no
fundo tenebroso de azevinho...
Mas tão logo no exterior caiu a noite,
sem lhe mostrar sequer a luz de estrelas,
divisou Leora uma luzinha vermelha
por uma fresta da parede velha
e começou a puxar tijolos com afoite,
a rubra luz cada vez mais aparente...
Seria uma aranha? – pensou ansiosamente.
Mas ao invés, uma Salamandra apareceu;
num insuflar de fogo frio a acometeu,
mil revoadas de centelhas belas!...
Mas o Manto da Tristeza a protegeu,
as faíscas só a brilhar ao seu redor.
A Salamandra feito um gato chia,
Surpreendida por que a Leora não feria:
“Quem é você que meu ninho surpreendeu?”
“Não pretendia em nada perturbá-la;
neste poço me jogaram; abri a vala,
vermelha aranha procurando achar...”
“Mas por que quer a elas encontrar?...”
Contou-lhe a jovem sua história sem temor.
“De fato,
encontra-se no caminho certo:
grande
bem lhe fizeram os salteadores,
sem saber
nada ou deliberadamente...”
“De
amaldiçoada chamou-me aquela gente...”
“Seu alvo
não se encontra nada perto,
mas é um
atalho e caso o siga com coragem
os seus Tamancos
lhe darão portagem...
Sabia o
rei realmente o que lhe dava...?”
“Seguiu o
Conselho no que lhe determinava,
não
acredito que conhecesse reais valores...”
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