quarta-feira, 8 de junho de 2022


 

 

A FADA ARANHA V – Revisado 15 jan 22

 

“Elas garantem da dinastia a continuidade!...”

disse-lhe então, em tom tristonho, Belezzar.

“Só que agora elas se encontram em extinção!

A última fêmea você matou, sem ter razão!...

Compreende de seu crime a enormidade...?”

“Não, Majestade, de fato, nem pensei:

tive um impulso e com a vassoura a esmaguei...”

“Entendo bem, mas não a posso perdoar;

por negligência, irei aos outros castigar;

quanto a você, vou meu Conselho consultar...”

 

“E seu castigo só depois determinar.

Nunca antes foi tal crime cometido

e nem calculo qual será a sua tortura;

será levada à prisão de mais agrura:

pela manhã a mandarei buscar...”

“E minha filhinha?  Quem vai dela tomar conta?”

“Essa é sua preocupação de menor monta...

Mas aproveite para rezar bastante

e se prepare para um ordálio delirante,

que o reino inteiro você deixou comprometido!”

 

De sua cela, ela escutou as chibatadas

nas costas do mordomo desferidas;

da ama da aranha a execução por negligência,

a suplicar de pavor e de impotência...

Muito mais que das torturas esperadas

ela chorava por sua filha Leodiceia;

somente as pedras das paredes sua plateia...

Somente em vão ao carcereiro suplicou

notícias da menina, quando este lhe entregou

seu pão e água e saiu sem despedidas...

 

No dia seguinte, levaram–na até o rei

e então Leora ajoelhou-se, tiritando...

Um fora espancado, a outra enforcada!

A que castigo seria ela condenada?

“Sei crime é grave e não a perdoarei,”

disse-lhe Belezzar, “mas não é crime de morte:

há três maneiras de expiar sua sorte:

primeiro, pode se casar com o macho velho!”

“Mas sou casada, senhor!...” “O meu Conselho

sua viuvez já está considerando...”

 

A FADA ARANHA VI – Revisado 16 jan 22

 

“Normalmente, sete anos lhe daria,

antes da morte de seu marido decretar;

contudo, diante destas circunstâncias,

poderemos pôr de lado estas instâncias

e então com o macho você se casaria...”

“Quer casar-me com uma aranha, meu senhor...?”

“Segundo a lenda, com mulher foi genitor

um outro macho... Foi assim que nos surgiram

as aranhas vermelhas... Vocês juntos gerariam

algumas fêmeas, para a espécie continuar!...”

 

Belezzar bateu palmas, firmemente:

“Tragam o noivo, para ela conhecê-lo!”

Então trouxeram de vidro uma redoma

em que enorme aranha negra ali assoma:

olhos vermelhos, preto o pelo inteiramente...

“Segundo dizem, muitas vezes no passado

mulher humana tais aranhas tem gerado...”

Ao ver o monstro, Leora desmaiou!...

Porém depois que alguém a reanimou,

nem sequer erguia o rosto para vê-lo!...

 

Riu Belezzar, com falsa benevolência:

“Segundo entendo, não deseja se casar...”

Leora pôde apenas gaguejar:

“O macho é negro!  De nada iria adiantar...”

“Ah, nessa espécie só têm rubra aparência

as fêmeas... Nascem os machos de outra cor.

Ele está velho, mas é um bom reprodutor...

Mas tudo bem, existe outra alternativa...

Agora nos tragam a segunda cativa!...”

“Majestade, não pode apenas me matar?”

 

“Sem a menor dúvida, se você prefere a morte!...”

Chegou uma caixa de vidro retangular:

sobre lençóis de linho, lá estirada

a imóvel Leodiceia podia ser contemplada...

Leora gritou: “Ai, que terrível sorte!

Minha pobre filhinha!... Mas por que a mataram?”

“Não está morta... Só a narcotizaram,

mas de fato, deve ser morta na ocasião

e o punhal desferirá sua própria mão!

Seu jovem sangue irá ao macho alimentar...”

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário