terça-feira, 21 de junho de 2022


 

 

USUÁRIO DE SONHOS 1 – 19 JUN 22

 

Flutuo em sonhos a cada madrugada,

chega a manhã sem querer descer à terra,

monotonia ante a vida se descerra,

muito mais bela se nas pálpebras fechada;

os longes dançam em tal noite iluminada,

enquanto aos pertos a malícia encerra,

o ardor do corpo minha mente emperra

em um gradil de realidade enferrujada.

 

Nas cores múltiplas há pontes conhecidas,

que me permitem enlaçar praias queridas,

em que me esperam os sorrisos das amadas

e como é triste que meus passos se desfaçam,

quando essas musas do sono que me abraçam

diluem-se em plumas de miragens espalhadas!

 

USUÁRIO DE SONHOS 2

 

Porém me abano com as asas da leveza

enquanto em meu ambiente permaneço;

o sonho é meu, do mundo me despeço,

das exigências de sua astuta natureza;

deste lado em meus pés perco firmeza,

de minhas auréolas simplesmente desço,

de minhas súcubos perdidas compadeço,

sem a visão conservar de sua beleza.

 

Tudo em breve, por malvado mecanismo,

tende a esvair-se, por mais tente o conservar,

o corpo exige em suas amargas sensações,

mas ainda julgo não ser somente romantismo,

que minhas lâmias novamente vou encontrar,

tão logo o sono me envolva em suas paixões.

 

USUÁRIO DE SONHOS 3

 

Tenho certeza de que as encontro novamente

a cada vez que retorno à noosfera;

a situação talvez perceba que se altera,

porém seus rostos recordo intensamente

e cada corpo que de novo se apresente,

braços e ventres nessa mesma esfera,

talvez meio amuadas pela espera,

mas cada amante do sonho ainda indulgente.

 

Sem que precise de desculpa ou de explicar,

elas me envolvem em sua plena compreensão,

tal e qual se nosso amor recomeçasse...

Será que são mulheres a sonhar,

cúmplices minhas nas fímbrias da ilusão,

que em sonho mútuo para nós se condensasse?

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