segunda-feira, 26 de dezembro de 2022


 

 

VISÕES ARBÓREAS 1 – 24 DEZ 2022

(Virginia Bosler & Cyd Charisse,

Hollywood produções em escala cinza).

 

Sempre recorde, quando vai tirar xerox,

que esse papel foi um dia árvore viva

e que você não plantará a muda esquiva,

nesse seu mundo de plástico e de inox.

 

E a cada vez que se recolhe ao box

de seu chuveiro e o registro ativa,

lembre também da energia furtiva

que se escoa sob efeito de seus toques.

 

Em especial hoje em dia que a eletrônica

já lhe permite os mais longos dos registros,

sem que de papel lançar mão seja preciso,

cuja leitura é feita em supersônica

velocidade com tocam agudos sistros,

reproduzindo até mesmo o som do riso!...

 

VISÕES ARBÓREAS 2

 

Tampouco esqueça que por outros há plantio,

sempre é constante o reflorestamento,

de alguns, por certo, em verdadeiro sentimento,

na maioria pelo lucro e contra o frio.

 

Para a madeira das mobílias dando o lio,

pinheiros e acácias recebendo mais alento,

matas ciliares igual recebem provimento,

embora sejam, em geral, do pouco brio,

 

salvo aquele breve esplendor da corticeira,

ou aquelas em que as doces madressilvas,

como epífitas, vão galgando rumo ao sol,

mesmo eucaliptos com origem estrangeira,

antípodas australianos em suas silvas,

ou as casuarinas a sussurrar qual rouxinol...

 

VISÕES ARBÓREAS 3

 

Poucos recordam que cada laranjeira,

cada limoeiro e cada bergamota,

tal como o próprio nome nos denota,

vieram da Ásia, igual como a macieira.

 

Da Europa ainda herdamos a pereira,

no porão de caravelas a sua rota,

o pessegueiro e a figueira de remota

procedência, quais as cepas da videira.

 

Pois na verdade, só modernamente

as frutas nativas se estão a difundir,

com exceção da castanha do Pará,

na maioria a mostrar, notadamente,

grandes caroços com que possam iludir

quem quer sua polpa suculenta buscará!

 

VISÕES NATALINAS 1 – 25 DEZ 2022

 

Ninguém discorda que o Pinheiro de Natal

nos países do norte chamou muita atenção,

quando as demais folhas caíam pelo chão

e a sua folhagem mantinha-se integral.

 

Na verdade, eram agulhas, dando proteção total,

contra o frio, contra o calor a trazer cada verão,

grandes bosquem dando ao tannenbaum a proteção,

de Alis alba pyramidalis tomando o nome universal.

 

Consoante do sábio Linnaeus a classificação,

sendo o símbolo do Yule, solstício de inverno,

a noite mais longa do ano no hemisfério norte

e o Cristianismo assim adotou a tradição,

ao invés de só velas acesas, o uso hodierno

de anjinhos e enfeites da mais variada sorte...

 

VISÕES NATALINAS 2

 

Mas também havia outras árvores sagradas,

a mais conhecida sendo ainda o carvalho,

de cujos ramos os vates sob o orvalho,

colhiam o visgo com suas foices douradas.

 

Seriam depois nas residências colocadas

tais folhagens, para espantar do mal o malho,

sempre evitando ofender-se cada galho,

que não se sentissem as árvores maltratadas!

 

Porque o visgo, afinal, é um parasita,

dele liberta a árvore se rejuvenescia,

a sua bênção sobre o povo a derramar,

que ao mesmo tempo sua proteção visita

e a energia negativa para o cerne seu traria

de quem seu tronco carinhoso fosse em abraçar!

 

VISÕES NATALINAS 3

 

Outra árvore bastante conhecida

é o salgueiro ou o salso-chorão,

emissário da morte em uma região

ou guardião que a levasse de vencida.

 

Porque sua vasta ondulação recorda a vida

e também lástima por morte em ocasião

de qualquer uma que se afogou nessa região

ou que suas raízes tivessem-na prendida.

 

Também falava lenda sobre o Homem-Salgueiro,

que subreptício sua casca iria afastar,

algum incauto para em seu cerne encerrar,

ou com suas ramagens açoitar ligeiro,

tanto contra as águas do ribeiro derrubar,

ou alguém impedir de às margens retornar!

 

VISÕES NATALINAS 4

 

É bem verdade que na Palestina,

não sendo a chuva um fenômeno frequente,

nenhum tannenbaum ali cresça facilmente:

é o Cedro do Libano que nos montes se empina.

 

Também por objeto de veneração possuindo a sina,

não por ser adorado em santo julgamento,

mas pelo valor de sua madeira é bento,

mesmo a Escritura em seu louvor se inclina.

 

Talvez ao invés do Pinheiro de Natal

devesse um cedro se erguer em cada lar,

pois certamente foi avistado por Jesus!

De forma oposta não seria natural

que alguma vez um tannenbaum fosse tocar

ou que formasse a madeira de sua cruz!

 

VISÕES ALTERNATIVAS 1 – 26 DEZ 22

 

Também o cipreste traz conotação sagrada,

plantado com frequência em cemitério

ou indicando o lugar de eremitério,

após a alma do ermitão vir ser buscada,

 

mas sua matéria estando ali enterrada.

Dizem que um Grego, em tolo despautério,

chamado Cyprissos, pediu castigo sério,

pela morte de seu cavalo provocada,

 

e que os deuses, em sua compaixão,

o transformaram nessa árvore majestosa,

há milênios anunciadora de respeito

pelos mortos em sua final habitação

e lá se encontra com sua aura silenciosa,

da paz dos falecidos a guardar pleno direito. 

 

VISÕES ALTERNATIVAS 2

 

Também o plátano, com sua folhagem argentina,

já foi por Celtas semidivinizado:

o bardo Gwyddion tinha seu condão cortado

de um firme ramo, que ao adivinhar destina.

 

Também a Odin em consagração se empina,

o deus caolho, cujo corvo era pousado

sobre um plátano, seu ombro a ser poupado,

destarte a crença nórdica a venerar sua sina.

 

E os vates e ovates ao redor

da vasta árvore santa se reuniam

e seus cantos de louvor ali entoavam

e conventículos da Wicca em seu louvor,

em torno a ele no passado bailariam

e sob suas folhagens se abraçavam....

 

VISÕES ALTERNATIVAS 3

 

Igual o cedro que na mata cresce

era o objeto de fiel veneração,

pela sombra com que dava a proteção,

pela madeira com que à noite nos aquece.

 

E muitas lendas ao redor ainda se tece

desse pinheiro italiano em devoção,

tão diferente dos que entre nós estão,

altivas araucárias, que não recebem prece.

 

Mas ainda recordo o pinheiro gigantesco

que era erguido com as ramas cortadas,

que de forma tringular eram montadas,

mortos os galhos nesse imitar dantesco

de um tannenbaum entre nós inexistente,

mas de uma força milenar ainda potente...


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