sábado, 1 de abril de 2023


 

A MOEDINHA E O GATO III – 31 OUT 2022

 

E de fato, Olek trabalhou honestamente,

ainda mais dedicado que no ano anterior,

contente com o cantinho e seus farrapos,

qualquer serviço a executar perfeitamente,

agradecido mesmo a seu senhor,

pela eventual mudança de seus trapos;

e ao fim do ano, pediu sua remuneração,

qual julgara ter merecido na ocasião!...

Com um certo escárnio, o seu amo avarento,

entregou-lhe a mesma moeda, justamente:

“Aqui está o pagamento que mereces!”

Olek não hesitou um só momento,

pediu um dia de folga, simplesmente

e foi à beira do lago fazer preces:

“Permite, Senhor, caso eu mereça esta moeda,

que ela flutue, sem nas águas sofrer queda!”

Mais uma vez, a moedinha se afundou,

enquanto Olek a contemplava tristemente;

Nem sequer isso valeu o meu labor!

E no lago novamente mergulhou,

a encontrá-la quase instantaneamente,

para de novo a levar ao empregador!

“Digno amo, cheguei de novo à conclusão

que tampouco mereço esta remuneração!”

Mais uma vez se surpreendeu o avarento:

Este rapaz é bastante inteligente,

mas por que adota um tal procedimento?

Olek não hesitou um só momento:

“Espero que o amo me seja complacente

e a meu retorno conceda assentimento.”

“Ora, é claro que pode voltar a trabalhar,

seu labor vale pouco, mas o posso aceitar!”

E assim Olek o terceiro ano iniciou

em seu trabalho, sem o menor protesto,

mas uma coisa ele não confessava,

que pela filha única do patrão já se encantou

e notava o interesse dela manifesto

a cada vez que com a moça conversava,

pois lhe trazia melhor merenda na ocasião

e seus trapos até cerzia com certa devoção!

 

A MOEDINHA E O GATO IV – 1º NOV 2022

 

Completou-se assim o ano terceiro

e quando as contas se foram acertar,

o patrão a mesma moeda lhe entregou...

Mas me esforcei ainda mais do que primeiro!

Um dia de folga foi outra vez solicitar

e pela renovação do contrato o amo esperou,

mas reconhecia que por Marfa se apaixonara

e mais fervente prece aos céus lançara!

Então, por qualquer razão maravilhosa,

a moedinha desta vez não afundou!

Decerto por meu trabalho enfim a mereci!

Nos olhos guardava a imagem primorosa

da jovem Marfa que tanto o encantou,

porém pensou: Não posso continuar aqui!

Só de vê-la diariamente é uma tortura,

jamais serei digno dessa sua face pura!

E desse modo, ao retornar para o patrão,

que já esperava sua moeda recobrar,

explicou que do seu emprego desistira;

tentou o amo mudar sua decisão,

mas declarou que pretendia só lenhar!

Passou por Marfa e fingiu que não a vira,

sem se atrever a contemplar sua face,

em que qualquer desaponto se estampasse.

De um couteiro já conseguira a permissão

para trabalhar como seu lenhador,

por pagamento a dar metros de lenha,

facilmente vendendo o resto de sua produção,

por um preço um tanto abaixo do valor,

porém juntando o pouco dinheiro que lhe venha,

aos poucos construiu uma choupana,

de caça e pesca sua alimentação reclama!

Mas certo dia a notícia lhe chegou

que seu patrão um navio adquirira

e a negócios sairia em viagem.

Humildemente dele se aproximou

e lhe pediu que um investimento permitira,

que com a moeda sujeita a tal trocagem

lhe adquirisse alguma coisa boa,

mas o patrão considerou ser coisa à toa!

 

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