A
MOEDINHA E O GATO IX – 6 NOV 2022
Ficou
o rei extremamente agradecido
e
em recompensa, mandou encher o porão
de
ouro e prata e outras coisas de valor.
O
comerciante ficou quase enlouquecido,
levantou
âncora para retornar à sua mansão:
jamais
tanta riqueza tinha assim reunido!
Mas
de parte dela não pretendia abrir mão,
suas
intenções sob o controle da ambição!
Porém
tão logo iniciou a sua viagem,
viu
um rato a correr no tombadilho!
Com
rapidez, segurou-o pelo rabo
e
o lançou no mar, sem arbitragem,
logo
o deixando para trás no trilho
de
seu veleiro, rindo em menoscabo!
Mas
a seguir um outro rato apareceu
e
mais um outro e o convés logo se encheu!
Com
os marinheiros, os procurou caçar:
Mas
que terrível falta faz meu gato!
A
maior parte fugiu para o porão
e
quando lá os foram procurar,
viram
que haviam devorado, em desacato,
a
maior parte de sua provisão,
não
só os víveres, mas sua mercadoria,
o
lucro que ganhara quase todo perderia!
Já
consolou-se, que não comiam ouro
e
nem a prata de seu carregamento
e
a viagem até em casa seria breve;
mas
a seguir, para seu total desdouro,
começaram
a roer velas e o vigamento,
até
o cordame roer algum se atreve!
O
barco não afundou só por um tris:
Todos
vieram daquele porto infeliz!
Antes
que fossem na doca atracar,
mandou
um escaler trazer-lhe gatos,
que
dessem cabo daquela pestilência,
mas
alguns deles chegaram até a pular
dentro
do bote, ágeis... como ratos!
Foram
lançados ao mar com impaciência,
e
ainda seguiram nadando até o porto,
a
maioria ainda no veleiro, em peso morto!
A
MOEDINHA E O GATO X – 7 NOV 2022
Em
sua cidade a existir muitos felinos,
que
no navio e no porto já caçavam:
não
seriam praga igual que no anterior!
Mas
precisou descarregar em desatinos
a
carga preciosa que os porões transportavam,
antes
que o barco afundasse em tal horror!
E
conseguiu mesmo alguns fardos salvar
de
alguns artigos que poderia negociar!...
Chegou
em casa na maior felicidade,
mas
nem por isso deixou de ser avarento.
Quando
Olek veio indagar do investimento,
deu-lhe
placa de mármore, a pretender bondade:
“O
resultado foi de fato um bom portento,
Para
ser de uma moeda de cobre o provimento!
Pode
fazer com ela alguma linda mesa,
com
pés de madeira e vendê-la com presteza!”
O
pobre Olek de nada desconfiou
e
agradeceu, no mais ingênuo pensamento;
a
placa de mármore nas costas foi levando,
contudo
assim que na choupana ele chegou
descobriu
o que de fato era um portento:
o
mármore todo em ouro se foi transformando!
E
como sempre, honesto em humildade,
pensou
ser algum engano, na verdade!
E
foi assim encontrar o comerciante:
“Patrão,
patrão, um milagre aconteceu:
aquele
mármore se transformou em ouro!
Venha
depressa e traga um ajudante,
esse
presente não pode ser só meu!
Preciso
devolver-lh um tal tesouro!”
E
o seu patrão mostrou-se deslumbrado
pelo
tal bloco de ouro ali avistado!
Mas
suspeitou ser divina interferência
e
meio sufocado, declarou:
“Não,
meu filho, esse ouro é todo seu!”
E
para casa retornou, em turbulência,
que
sua consciência enfim se despertou
e
para a filha contar tudo resolveu!
Contudo
Marfa lhe disse de imediato:
“Toda
a riqueza quem lhe trouxe foi o gato!”
EPÍLOGO
“Com
a moedinha o senhor o adquiriu!
Portanto,
tudo isso deve devolver
a
Olek, por ser o seu investimento!”
E
com o pai avarento ela insistiu,
até
que ele aceitou se desfazer
daquela
vasta riqueza, mesmo com ressentimento,
mas
lembrou que já era rico o suficiente
e
com a viagem ainda lucrara grandemente!
E
desse modo, retornou até a choupana,
ainda
a contemplar seu ouro o lenhador,
sem
saber de que forma o utilizar.
“Meu
filho, a vontade de Deus é muito arcana
e
a Sua Verdade sempre mostra o seu valor:
com
seu investimento, muito mais pôde ganhar!”
E
o levou até sua casa, prontamente,
a
lhe mostrar o tesouro surpreendente!
“Mas
isso tudo realmente é apenas meu?
De
fato, só uma coisa é que desejo:
a
mão de sua filha Marfa em casamento!”
O
ex-patrão de imediato já aquiesceu,
Marfa
foi então consultada nesse ensejo
e
revelou o seu antigo sentimento!...
Assim
Olek e Marfa, finalmente,
se
casaram e se amaram fielmente!
E
o avarento ainda ficou mais satisfeito,
pois
era o sogro e tudo vinha em seu proveito!
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