A
MOEDINHA E O GATO V – 2 NOV 2022
E
já estava a ponto de negar,
quando
Marfa por Olek intercedeu:
“Mas
pai, que mal pode lhe fazer?”
Assim
a moedinha foi de novo aceitar,
mas
em seu bolso quase dela se esqueceu,
até
em uma de suas escalas perceber
que
alguns meninos, sem o menor recato,
se
preparavam para afogar um gato!
Mas
o animal lhes resistia ferozmente
a
seus esforços, entre risadas e arranhões
e
decidiu-se a perguntar se havia motivo:
“Esse
gato come os pintos, realmente,
os
móveis risca em longas marcações,
até
os coelhos persegue muito ativo!”
E
num impulso, se ofereceu para comprar:
“Uma
moeda por ele irei pagar!...”
Os
meninos aceitaram alegremente,
com
a moedinha de Olek ele pagou,
num
saco de aniagem o gato lhe entregaram
e
o comerciante o levou a bordo, calmamente,
mesmo
esperneando, o animal não o arranhou
e
finalmente seus protestos se aquietaram;
só
depois que se achavam em alto mar
o
pobre bicho foi do saco libertar!...
Ora,
o gato claramente se assustou,
sentindo
o movimento da água a seu redor;
engatinhou
e subiu até a amurada,
mas
a praia só de longe ele avistou
e
para o tombadilho, em seu temor,
retornou
em inquietação desesperada!
Só
depois de alguns dias se acalmou
e
com a comida que lhe davam se aquietou.
Mas
a seguir, desceu até o porão,
que
o atraíram pelo faro ratazanas,
e
as começou a caçar com eficiência,
acreditando
melhor serem refeição
que
aquelas espinhas de peixe com escamas,
ficando
à espreita na maior paciência
e
quando em outra cidade se aportou
de
uma descida à terra nem pensou!
A
MOEDINHA E O GATO VI – 3 NOV 2022
Por
via das dúvidas, em gaiola o colocou,
que
afinal, era de Olek o investimento,
que
mais não fosse, por pura zombaria!
Assim
de perdê-lo então não se arriscou
a
preocupar-se tão só com o tratamento
de
seus negócios, que um bom lucro esperaria!
Foi
recebido por muitos mercadores,
que
de sua carga seriam os compradores.
Do
mesmo modo que ele, lucrariam,
porque
os bens que desse barco adquirissem,
poderiam
ser vendidos de forma lucrativa
e
as mercadorias que em troca ofereciam,
mesmo
valendo muito menos que pedissem,
em
outros portos teriam procura mais ativa:
o
que é comum e barato num lugar,
em
outro porto alto valor pode alcançar!
Mas
como prova dessa amizade conveniente,
foi
por um dos negociantes mais ricos convidado
a
participar de um banquete no seu lar,
mas
em seguida surgiu um rato impertinente
que
sobre a mesa facilmente havia saltado,
querendo
os acepipes um a um provar!
E
logo após, um segundo rato apareceu
E
mais outro, que em ousadia até o ofendeu!
Puxou
uma parte da comida de seu prato!
Os
convivas se limitavam a empurrar,
lançando
ao chão os animais tão asquerosos!
Mas
ele protestou, em pleno desacato:
“Desculpe,
amigo, mas como podem aturar
tais
animais que me parecem perniciosos?
Perdoe-me,
por favor, se for sua religião,
ou
se em outro motivo nobre está a razão!”
O
anfitrião respondeu-lhe, constrangido:
“Não,
meu amigo, nada há de religioso
e
nem existe qualquer lei em seu favor,
mas
por esta peste nosso povo é atingido,
não
conseguimos nos livrar desse alteroso
bicho
infeliz, que nos causa tanto horror!
Não
adiantam armadilhas ou ratoeiras
ou
pôr venenos das potências mais certeiras!”
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