A TERRA DA JUVENTUDE
William Lagos, 27 out 14
A TERRA DA JUVENTUDE I
Quando Dimitry Segundo da Rússia era o Tzar,
entrou em guerra contra os turcos e os venceu
em ferozes batalhas, até que seu atamão (*)
pediu a paz e comprometeu-se desde então
a um vasto tributo pagar-lhe anualmente,
em ouro e trigo, seda e especiarias,
quais nas terras da Rússia nunca vias,
mesmo incluindo uma tropa de sua gente
para o exército dos eslavos reforçar:
cem cavaleiros a cada ano lhe deu,
porém seu ódio jamais enfraqueceu!...
(*) Chefe de tribo da Ásia Central. Também hetman ou atamã.
Os cavaleiros que enviava não voltavam,
pois queriam que essa tropa se integrasse,
pelos soldados russos bem aceitos;
súditos tornavam-se de plenos direitos
e o atamão sentia-se traído.
Assim, enviou um servo de confiança
entre os soldados que incluía na aliança,
para que fosse junto ao Tzar introduzido.
(Como um aliado assim o respeitavam.)
Mas quando a ocasião se apresentasse,
que ao velho rei de algum modo eliminasse!
Os cavaleiros contra os Calmuques combatiam
e aos Coríaques, um outro povo siberiano
e o império da Rússia se expandia:
para o nordeste cada vez mais crescia,
embora fossem geladas muitas terras
e os próprios russos não as apreciavam,
enquanto os turcos depressa se adaptavam,
preferindo planícies do que as serras,
mesmo as brancas planuras que ali viam
e se mostravam fiéis ao soberano,
seu juramento renovando a cada ano.
Contudo um deles, aquele justamente
que fora escolhido pelo odiento atamão,
se demonstrou muito hábil estrategista,
as tropas levando a mais de uma conquista,
sendo a Moscou chamado eventualmente,
para tornar-se o supremo comandante
de todo o exército que lutava no Levante;
entrou no Conselho Real e, finalmente,
conseguiu, de maneira inteligente,
completar do atamão a sua missão,
o Tzar envenenando em vil traição!
A TERRA DA JUVENTUDE II
Contudo, para que não desse na vista,
foi o veneno aplicando pouco a pouco
e o Tzar pareceu tão só adoentado...
Eventualmente, identificaram o malvado,
que foi levado à forca prontamente,
para alegria dos outros generais,
que do estrangeiro tinham raiva por demais.
Mas o Tzar protegeu a turca gente,
que tanto se distinguia na conquista
e declarou ser a obra de um só louco
o pobre rei, cuja doença punha rouco...
Assim, chamaram os médicos da corte,
especialistas, até mesmo curandeiros,
mas o Tzar continuava a definhar,
pois o antídoto não conseguiam acertar;
os patriarcas fizeram orações,
os popes recitaram ladainhas, (*)
vieram doutores das regiões vizinhas...
O atamão não deu explicações
e declarou aprovar a triste sorte
do envenenador, sem os verdadeiros
motivos confessar nem a terceiros...
(*) Os padres ortodoxos são chamados de popes.
“Nós, turcos, não envenenamos o inimigo;
cortamos suas gargantas ou asseteamos
e não sabemos de quaisquer venenos;
ao grande Alá nós nos submetemos;
Ele permite que matemos em combate,
frente à frente, em verdadeira lealdade,
com coragem, orgulho e hombridade,
mas com peçonha inimigos não se abate!”
Falando assim, eximia-se do perigo
de nova guerra contra os muçulmanos
ou pelo menos, contra os turcomanos!
De qualquer forma, o Tzar enfraquecia
a olhos vistos e só adiavam a sua morte...
Mas certo dia se apresentou um camponês
e em desespero de causa, então se fez
que viesse à presença do monarca,
que lhe indagou: “Você pode me curar?”
Disse o muzhik: “Eu tenho de negar, (*)
Paizinho, pois não posso, porém um patriarca,
quando eu era jovem, a todos nós dizia
que havia uma terra de mui diverso porte,
Terra da Juventude e da mais saudável sorte.”
(*) Camponês, em russo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário