A TERRA DA JUVENTUDE IX
Então Baba Yaga para Wladimir se voltou:
“Esqueci de lhe dizer que nos trouxesse
a carcaça daquele monstro inteiramente.
Você irá dele precisar, como um presente
para a Tarasca, em troca de um espinho;
você não a poderá matar com a espada,
nem com fogo, com veneno, nem com nada:
quase imortal é tal monstro daninho!”
E Wladimir bem depressa retornou:
talvez o corpo nem mais encontrasse
ou que espantar carniceiros precisasse!
Mas teve sorte.
A ave morta ele amarrou,
com uma corda, na garupa do cavalo
e retornou outra vez até a margem.
Falou a maga: “À prova irá pôr a sua coragem
para enfrentar a sua terceira adversária,
que encontrará ao seguir a trilha central.
A Tarasca é um animal descomunal
e se alimenta com uma dieta vária:
quantos encontra, no passado devorou.
Para você será impossível enfrentá-lo,
mas lhe diga que fui eu a enviá-lo...”
“Nós duas temos um antigo entendimento:
diga-lhe que o mandei pedir um espinho,
dentre as centenas que traz na carapaça
e que tampouco o foi buscar de graça;
ela conversa tal qual uma pessoa
no idioma russo que fala do seu Tzar,
mas nem por isso deixe-se enganar,
pois ela é esperta e não tem nada de boa:
matar humanos é para ela um passatempo,
mas por mim desenvolveu certo carinho;
fale de longe e negocie com jeitinho...”
Mas Wladimir já se achava desconfiado:
“Por que motivo você está me ajudando?”
“Não por seus belos olhos, meu rapaz,
mas por garrafa de água que me traz:
a mesma água que quer para seu pai.
Por que se espanta? Pensa que não sei?
Você é o filho mais jovem do seu rei
e para a Terra da Juventude você vai,
após ter tantas penúrias suportado,
porque o Tzar está aos poucos se finando
e só com a água irá a saúde recobrar...”
A TERRA DA JUVENTUDE X
Seguiu de novo Wladimir pelo caminho;
logo, à distância, ele enxergou um morro,
de espigões cheio na parte de cima;
mas para lá a sua senda se destina
e logo que era a Tarasca percebeu,
um bicho imenso, tal que nunca vira!
Porém do coração força retira...
Com um rugido o monstro o recebeu:
“Quem é você?” – falou, com escarninho.
“Quem se aproxima, quando a todos corro?
Vou devorá-lo igual que a um cachorro!”
“Baba Yaga enviou-me com um presente:
a carne trouxe desta ave estranha:
o Coquecigrou, que você tanto aprecia!”
“Percebo bem, pois o cheiro já sentia...
Mas o que quer, em troca desse dom?”
“Quero levar de suas costas um espinho...”
“Como se atreve a me trazer sem o focinho?”
indagou a Tarasca, em feroz tom.
“Meu velho pai encontra-se doente.
O mar de Gobi tem extensão tamanha:
pela dugongo é que exponho-me à sua sanha!”
“Você parece ser um príncipe sincero,”
disse a Tarasca, porém já chegando perto.
“Quer ir à fonte desse País da Juventude,
não é verdade?” – interpelou-o num tom rude.
“Certamente.
Só assim irei salvar meu pai.”
“Se a água beber, ele remoçará
e toda a esperança ao trono perderá...
Mesmo assim, levar-lhe a água você vai?
Vi que surpresa no seu rosto gero...”
“Não importa.
Vim de coração aberto
e por amor cruzei monte e deserto!...”
“Pois muito bem.
Então me dê a carcaça;
enquanto como, pode me cortar um espinho,
mas seja rápido, pois de sobreaviso,
com minha palavra de monstro já lhe aviso:
quando acabar, muita fome ainda terei
e não importa que tenha pena de você,
a minha boca devora o quanto vê;
se ainda estiver por perto, o comerei!
Tem três minutos e um segundo só de graça!”
Wladimir foi se achegando, bem pertinho,
e a ave lançou para o animal mesquinho!
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