quinta-feira, 6 de abril de 2023


 

 

A MOEDINHA E O GATO VII – 4 NOV 2022

 

“Tenho criados encarregados de os matar,

seja a pedradas, seja com pauladas,

mas eles voltam com terrível rapidez!

A cidade inteira os busca derrotar,

mas até parecem protegidos pelas fadas,

multiplicam-se a um ponto que nem crês!

Aqui em casa constantemente os combatemos

e nossos alimentos, em boa parte, até comemos!”

“Mas muita gente já está a passar fome

e há mesmo quem se tenha acostumado

a caçar ratos para se alimentar!

Mas por mais que os comam, nunca some

a multidão em que se têm multiplicado,

até os berços das crianças a assaltar!

Têm as crianças de ser em caixas colocadas,

com muitos furos, para que ao ar abram entradas!”

“E mesmo nós, antes de nos recolhermos

para dormir, realizamos uma caçada

e algum servo permanece em claro a noite,

para matá-los e o sono não perdermos,

que novos bichos nos chegam da calçada!

São para nós um verdadeiro açoite

e o pior é que são raros os venenos

que contra eles empregar podemos!...”

“Pois facilmente as despensas contaminam

e como vê, sobem até em nossa mesa!

Nem os melhores mágicos e adivinhos,

que os artifícios contra tais pragas destinam

ou os sacerdotes, que rezam com firmeza,

nos conseguem libertar desses daninhos!

A cidade inteira cada semana se agita

numa tremenda caçada que se incita!”

“Mas é só por um dia o resultado:

do campo e matos retornam com certeza!

Nosso rei ofereceu tremenda recompensa

para quem a solução tiver achado,

pois nem sequer deixam em paz a realeza,

que a noite passa na inquietação mais tensa...”

“E que recompensa então seria essa?”

O comerciante indagou com certa pressa.

 

A MOEDINHA E O GATO VIII – 5 NOV 2022

 

“Nosso rei prometeu uma tonelada de ouro

e nós, comerciantes, prometemos outro tanto,

para essas pragas destruir completamente!...”

“Bem, ocorre que em meu barco há um tesouro:

é uma fera pequena, mas que, no entanto,

destruiria essas pestes bem rapidamente...

Posso trazê-la e aguardar a recompensa,

desde que o possa assistir em sua presença!”

“Mas, meu senhor, se a pode trazer,

traga depressa essa fera!” “Mas há uma condição:

Ela se chama “gato” e é um animal feroz,

arranha e morde quem nele mexer!”

“Não poderá ser pior que a maldição

desses roedores de atividade atroz!”

Então o comerciante foi até o navio,

pegou a gaiola e a carregou com brio!

Assim que o gato foi solto no salão,

a caçada iniciou ativamente:

alguns comeu, mas trouxe a maioria

e com os mortos elevou um montão,

junto do qual se deitou placidamente.

A família e os criados na maior alegria,

pois cada vez que outros vinham da calçada,

já o gato retornava à sua empreitada!

Depois o levaram até o palácio do rei,

em sua gaiola firmemente encarcerado,

com o cheiro de tantos ratos excitado,

que na cidade constituíam vasta grei!

No salão nobre foi finalmente libertado

e logo dúzia ou mais tinha caçado!

E quando foi descansar, bem-humorado,

até parecia que já havia engordado!

Foi o que disse o rei, quando se aproximou,

mas o antigo patrão de Olek foi olhar

e então disse: “Majestade, ele é uma gata

e antes que a comprei, ela já engravidou!

Muito em breve uma ninhada irá criar:

daqui a três meses, com a precaução exata,

os filhotes estarão prontos a caçar,

a sua cidade finalmente a libertar!...”

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