A FADA DO RIO VII (RUSALKI)
Natasha transformara-se, entrementes,
num verdadeiro espírito das águas.
Das tempestades provocava as fráguas
e originava correntezas inclementes...
Tornara-se uma buditchka, certamente,
e conquistara o amor do Rei do Rio,
Kulebovy... E lhe afastava o frio,
nos mil carinhos de esplendor nascente...
E quando Kulebovy era inclemente,
arrancava do barco os pescadores,
puxava para o fundo os nadadores,
durante a Rusalnaia, especialmente,
essa semana em que os espíritos do rio
podiam sair para a terra a cada noite,
dançando a Korowody, em seu afoite,
como uma forma de espantar o frio...
Rusalka, porém, só desejava
recuperar a sua aparência humana.
E diariamente a Natasha ela reclama...
Por ver seu pai de novo a pobre ansiava...
Embora Kulebovy lhe explicasse
que uma rusalka só podia retornar
se conseguisse um vero amor acalentar
por algum homem que realmente a amasse...
A FADA DO RIO VIII
Um dia Levko, um príncipe formoso,
ouviu falar que existia a Corça Branca
e por caçá-la o seu ardor não estanca,
a persegui-la, com ânsia fervorosa!...
Rusalka, por acaso, fora à margem
do rio, porque a noite já caíra...
Sentada numa bétula, ela assistira
como o príncipe caçava, com coragem...
Seus cabelos eram louros e muito branca
se tornara a sua pele; e de seus olhos
fulgia um fogo verde, em seus refolhos...
Porém sua face era formosa e franca.
Ao vê-la ali sentada, a corça estanca,
dá uma guinada e no bosque já se esconde...
Chegou o príncipe e, sem saber aonde
fora a sua corça, a sua espada arranca!...
Ao ver Rusalka na bétula empoleirada,
pensou ser a sua corça, pois diziam
que era uma princesa, que os fados permitiam
tornar-se humana, ao ser desencantada...
Ao ver sua pele branca e seus cabelos,
apaixonou-se então, perdidamente...
E por Levko, Rusalka, certamente,
transformou suas esperanças em desvelos...
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