NASREDDIN
E O OGRO VII – 13 JUL 2022
Mas
nesse instante, uma lebre apareceu:
com
seu bodoque, depressa a atingiu,
logo
a segunda e várias outras viu
e
quando o ogro voltou com tanta lenha,
só
lhe mostrou com esperteza a senha:
“Viu
quanta caça eu chamei e me atendeu?”
“Que
coisa boa, já dá para o jantar!”
disse
o ogro. “Pensei que ia passar fome,
não
achei na mata coisa alguma que se come...
Mas
o senhor não está muito cansado,
depois
de tanta lebre ter estrangulado?”
Nasreddin
foi logo sua história confirmar.
“Não,
meu caro ogro, não me cansei ainda,
mas
vejo que de carregar gravetos se cansou.”
O
ogro meio no solo se assentou.
“Vamos
fazer o jantar no meu covil,
belo
ensopado, melhor que a carne vil
daqueles
dois que comi semana finda!”
Nasreddin
teve medo de no covil entrar,
mas
não podia qualquer fraqueza demonstrar
e
disse estar pronto para o acompanhar.
“Carregue
agora essa pouquinha caça,
talvez
alguma outra aqui por perto passa
e
assim a possa igualmente estrangular!”
O
ogro concordou e mostrou o caminho;
Nasreddin
pegou um machado, casualmente
e
foi seguindo bem tranquilamente,
até
chegar dentro do ogro no covil,
alguns
goles a tomar de seu cantil,
que
guardou sob a camisa com carinho...
NASREDDIN
E O OGRO VIII – 14 JUL 2022
Chegando
já na cova fedorenta,
logo
enxergou as caveiras dos irmãos.
Os
meus esforços aqui não serão vãos!
Falou
o ogro: “Vá no poço buscar água,
custo
muito a acender fogo nesta frágua!”
Sua
maneira de fazer fogo era bem lenta!...
Nasreddin
foi os dois baldes segurar:
eram
imensos, de ferro, bem pesados;
mesmo
vazios, mal podiam ser levantados.
Então
disse ao ogro: “Ora, não vale o esforço
de
carregar estes dedais. Vou lá arrancar o
poço!”
Mais
uma vez, foi-se o ogro apavorar!...
“Não
faça isso, vou do poço precisar!
Acenda
o fogo então, que eu busco a água!”
Nasreddin
logo o acendeu, sem qualquer mágoa,
trazia
no bolso pederneira e até um ferrinho,
deixando
o fogo crepitando rapidinho!
Antes
que o ogro fosse com os baldes retornar.
“Mas
como acendeu o fogo tão depressa?
Eu
levo horas esfregando dois pauzinhos...”
Ora,
que nada! Foram só dois assoprinhos,
cuspi
o fogo depressa de minha boca!...”
Novamente,
era uma mentira louca,
mas
o ogro já caiu nessa outra peça!...
“Bem,
senhor, vamos as lebres esfolar...”
“Para
quê? Prefiro eu comer com o couro!”
Ficou
o ogro uma vez mais nesse desdouro,
mas
com vergonha de dizer que não queria,
que
esfoladas as lebres preferia,
a caça inteira no caldeirão pôs-se a jogar.
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