terça-feira, 22 de novembro de 2022


 

 

A INVASÃO DO PELOPONESO III – 17 mar 22

 

O gamo-rei era a Chronos consagrado,

do mesmo modo que a Bran no extremo norte

e outro mito a Actéion se refere,

que com chifres de veado é coroado,

sem que de fato saiba de sua sorte,

que como o rei anterior então espere

pelas mulheres ser rasgado e devorado,

antes de um novo rei ser coroado.

 

No tempo antigo, antes da chegada

das tribos dos Helenos, isto era habitual:

em cada cidade um rei anualmente coroado,

com todos os privilégios de sua alçada,

salvo ofender o poder matriarcal.

O corpo da rainha era sagrado,

mas desses reis era o corpo destroçado

e para fertilidade,  nos campos espalhado.

 

Em certos pontos, tão arraigado o costume

que mesmo os reis de pequenas regiões

o aceitavam como coisa natural,

mas para conservar a vida, se presume

haver escolha de um substituto por ocasião

já do final do ano, em que seguiam o ritual,

deixando o trono e a rainha a seu “tanista”

e após sua morte, retomando a anterior pista.

 

Pretende-se  aqui ver de Édipo a lenda,

mas ao contrário, aqui o tanista mata o rei,

sem ser sacrificado em seu lugar;

mas é preciso que à Esfinge então se atenda,

pois seu enigma é modificador da lei

e ela é a real deusa de Thebas a governar,

mas o substituto é ao exílio destinado,

após com Jocasta ser o matrimônio celebrado.

 

Mas quando se nota que Laios pereceu

e que a Esfinge deu a Édipo sua permissão,

vê-se o costume totalmente perturbado.

A falta de uma sandália assim o precedeu

e a sacerdotisa esfinge não cumpre sua missão

contra o oráculo; o corpo do rei é encontrado

e será Laios que irá as colheitas abençoar,

enquanto Édipo se torna rei em seu lugar.

 

A INVASÃO DO PELOPONESO IV – 18 mar 22

 

Havia outro costume, no entretanto,

após ser o rei anual sacrificado,

seus ossos eram queimados totalmente

e misturados com água ou então com pranto,

uma espécie de cal assim formado,

que pintaria o altar completamente

e esse costume tradicional da mão de cal

por Helenos conservado de maneira consensual.

 

Agora os ossos de novilhos triturados,

com seiva de Choupo Branco, para compor

dita tintura sagrada para o altar

e os ramos de oliveira eram cortados,

anualmente, transportados em andor,

para a miséria e os demônios expulsar

do ano findo, costume que importaram

do norte da Lybia e que sempre conservaram.

 

Dizem que Áugias tinha filha feiticeira,

chamada Agamede, que ervas cultivava

de todo o gênero, com que efetuava curas,

mas que afirmavam não ser só curandeira,

que por igual fortes venenos preparava

e filtros de amor com as tendências mais impuras.

Dizem também que os demônios exorcizados,

tinham a forma de moscas ou outros insetos alados.

 

Deste modo, ao oferecer o sacrifício

a seu pai Zeus, que se fizesse o Afastador

das muitas moscas atraídas pelo cheiro

do sangue derramado em tal ofício,

o ritual se recorda, sendo o purificador

dos malefícios do ano anterior inteiro;

ainda é provável que algum caso ocorreu

de irmãos siameses e a lenda assim cresceu.

 

Mas igualmente o rei sagrado e seu tanista

em certos pontos goveranavam juntamente

e também o título de Moliones recebiam.

Dos comentários concluo aqui a lista,

que alonguei quiçá indevidamente,

mas estes mitos em alusões se aliam

aos episódios dessa pré-história,

suprimida pela erupção peremptória. 

 

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