terça-feira, 8 de novembro de 2022


 

 

A ORIGEM DOS MITOS III – 5 MAR 2022

(Ruínas de Cnossos, Creta)

 

Coisa diversa foi de Hesíone o resgate,

semelhante ao de Andrômeda por Perseu

e que por isso é bem menos conhecido,

mesmo que o método fosse bastante diferente;

de seu próprio monstro fez Perseu o abate

em um combate corpo a corpo que venceu,

enquanto Hércules terá a poucos convencido,

que enfrentaria a morte tão resolutamente

que pela garganta do monstro penetrasse

e lá por dentro suas entranhas destroçasse!

 

Seria a origem da narrativa do Profeta,

que no interior do Leviathan por três dias

e mais três noites, sem morrer, permaneceu?

Muito se fala dessa câmara de ar

que a respiração de um cetáceo completa;

que Jonas fosse sugado mais fácil se creria

e que depois enguichado até o mar descesse.

Mas de fato, sua origem provém de outro lugar:

o deus Marduk a um monstro combateu,

Tiamat, a quem Ishtar mil forças deu.

 

Porém Marduk não entrou dentro da fera,

somente ao mar a lançou, vertendo sangue

e a Ishtar contra um rochedo ele amarrava,

mais paralelos com Hesíone e Andrômeda.

Cada rei de Babilônia guardava certaa espera

de três dias e noites, pretendendo estar exangue,

para depois fingir que então ressuscitava,

tendo deixado Ishtar presa e Tiamat queda.

 Marduk possuía também cavalo alado,

Tal esse Pégaso por Belerofonte resgatado...

 

Essas lendas vão passando boca a boca,

 para crianças e adultos são narradas,

sofrendo aos poucos suas modificações,

até em escrita serem registradas

e até mesmo Hesíone, ao trocar sua touca

pelo resgate de Podarkas, são lembradas;

de Seha as históricas intervenções

para as culpas de Manapadattas serem perdoadas

que exilado fora entre os bárbaros Citas,

por Mursilis, que era então rei dos Hititas.

 

Ainda a perda de cabelos no combate

por Hércules também pode nos lembrar

dos cabelos serpentinos de Sansão,

cuja força somente deles dependia

e ressurgir deviam antes de um novo embate.

As três filhas de Fenodamas podem representar

a trina deusa-lua, de siciliana criação,

que Ártemis, Aphrodite e Hécate se dizia

serem do astro de prata uma trindade,

o cão a elas consagrado em realidade.

 

A ORIGEM DOS MITOS IV – 6 MAR 2022

 

Na Beócia também a veneravam,

como Mãe, Filha e seu Poder espiritual,

Hécate dos mortos a ser deusa de amor,

tal crença observada honrosamente,

até que os Helenos ali chegavam

e bem depressa seu culto patriarcal

superaria dos mais arcanos o pendor;

e ao mesmo tempo, com fervor potente,

proibiram os sacrifícios dos humanos

e suas castrações por costumes desumanos!

 

Também na Frígia, antes de sua chegada,

o culto dessa trina deusa matriarca

perdurou até a época dos Romanos,

não que o proibissem de fato Imperadores,

mas sendo a crença pouco a pouco desprezada,

que também Mitra, deus-sol e patriarca,

contrário era aos sacrifícios dos humanos;

mas persistiram as lutas dos gladiadores,

o que era também de sangue um sacrifício,

que dos antepassados viria em benefício.

 

Tampouco podemos tomar literalmente

que as mulheres, de fato, acreditassem

que de um rio conseguissem engravidar,

mas o costume é historicamente comprovado,

que antes de casar, frequentemente,

essas noivas troianas se banhassem

no Escamandro, nesse rio a suplicar

que lhes tirasse a virgindade sem pecado!

(Na noite de núpcias, se poderia descobrir,

havendo falta, boa desculpa a lhes servir!)

 

Mais de uma vez, esse herói tão masculino

é descrito usando roupas de mulheres,

o que reporta a um costume primitivo,

em que era o noivo que seguia para o lar

de sua esposa, em ritual bem feminino,

de vestes femininas em seus novéis misteres,

que não podia cruzar seu umbral homem ativo

e só mulheres o poderiam atravessar.

(Porém não sei se a noiva o carregava,

quiçá o peso do noivo a atrapalhava!)

 

Registrei aqui muitas das explicações

que talvez não correspondam à realidade,

mas o que é certo é que tais costumes primitivos

foram postos de lado com a chegada dos Argivos,

que logo insistiram em novas imposições,

masculinas, mas mais brandas, na verdade;

da deusa-mãe mais sangrentos os rituais,

ou cessariam os nascimentos naturais!

A linha materna sua importância a garantir,

Sem que a algum pai fosse preciso descobrir!

 

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