NA TOCAIA DO COMBATE I – 24 NOV 2022
(Elke Sommer, do cinema alemão clássico)
Durante a guerra, a propaganda encanta
os muçulmanos, que assim sejam enganados,
para guerrear os Nazistas convocados
a uma Jihad, pretendida “guerra santa”,
que inimigos do Islam assim descanta
e que aceitassem serem comandados
por oficiais ateus comunizados,
mas a quem o patriotismo ainda imanta.
E novamente, igual contra Napoleão,
o General Inverno derrota o invasor,
mesmo causando uma menor carnificina.
Perdeu o Corso nove em dez de sua legião,
por guerrilheiros perseguido com ardor,
até a tragédia que ocorreu em Berezina!...
NA TOCAIA DO COMBATE II
Contra os Nazistas foi o ponto de retorno
Stalingrad, o mais terrestre inferno,
de fome e frio ante o General Inverno,
sem receberem sequer capote morno;
mas nas planícies da Ucrânia é seu contorno,
no enclave de Kursk de recordar eterno,
a maior batalha de tanques nesse alterno,
perdendo Hitler seu cobiçado adorno.
Na verdade, através de toda a história
foi essa Ucrânia um vasto cemitério,
desde os tempos da Hirkânia, com os Romanos
a combater, sem obter qualquer vitória,
depois os Cossacos, os Tártaros e o mais sério
massacre por Mongóis de gosto insano.
NA TOCAIA DO COMBATE III
E hoje a Ucrânia novamente se tornou
o palco de uma luta fratricida,
dois exércitos em sua fúria homicida,
que sem razão real se entusiasmou,
porque, afinal, da Ucrânia se formou
a própria Rússia, de Kiev construída,
Rússia e Ucrânia têm a mesma vida,
porém ali fronteira artificial Stalin criou.
E desta forma, a quem irá favorecer
o General Inverno, de tanta competência,
o sangue necessário aos campos de cereais,
adubados assim para crescer
o trigo e a soja, que se venda em complacência
o deeneá humano para ração dos animais!
NA TOCAIA DA MUDANÇA I – 25 NOV 2022
Diante de mim encontro escarradeira,
costume antigo que antes existia,
quem precisasse direto ali cuspia,
sem pelo assoalho deixar marca enredadeira;
essa gente de então bem mais grosseira
ir ao banheiro sequer esperaria,
latrina turca então se encontraria,
que nem sequer utilizei por vez primeira.
Decerto havia quem a utilizasse,
por mais desconfortável parecesse,
para os pés havia apoio demarcado,
grade metálica que assim os amparasse,
sem que eu adaptar-me então pudesse
em posição tão desequilibrada!...
NA TOCAIA DA MUDANÇA II
Hão de dizer ser
o teor inapropriado,
porém tudo que é humano me pertence;
de minha infância recordação se adense,
quando eu era por demais envergonhado...
Quanto sestro em mim foi colocado,
que a vida adulta só aos poucos vence,
sem impedir que no fundo ainda pense
nessa revolta pelo que me foi ensinado!
Deste modo, quase como terapia,
eu descrevo as lembranças e impressões
de minha infância e pré-adolescência,
quando a mente com visões se surpreendeu
e sempre soube guardar tais procissões
de imagens fortes da primeira incandescência.
NA TOCAIA DA MUDANÇA III
Contudo, é linda essa escarradeira,
seu interior sendo em branco alouçado,
por fora azul e ouro decorado
pela visão de dupla máscara altaneira;
função diversa tem de sua primeira,
em vaso de flores seu uso transformado,
facilmente como um adorno adaptado,
na esperança de que seja a derradeira.
Ali se põem as floradas da saudade,
talos sustendo os botões de minha infância
ou de minha ressecada adolescência
e a condolência que lhe dá a maturidade
por tantos dissabores dessa instância,
no peitoril da janela em persistência...
NA TOCAIA DO
SARCASMO I – 26 NOV 22
A morte
chega. Traz no ombro um papagaio,
vestindo
arco-íris, em figura surreal,
talvez se
torne LGBT+ em seu final,
em sua
blandícia dificilmente eu caio;
teve
experiência anteriormente como raio,
há quatro
séculos concebida qual jogral
e no
entretanto, vai colhendo o seu caudal,
de sua
presença sorrelfamente eu saio!
Vem
recolher as letras do alfabeto,
que para a
sigla talvez nem bastarão,
em qual
letra seu papagaio enquadrará?
Será que o
“gaio” é gay em dom secreto
e a letra
“P” para tal dístico acharão?
Talvez com
números revele um dia seu afeto.
NA TOCAIA DO SARCASMO II
Não sei se a morte ainda brande alguma foice
ou se há algum tempo a trocou por lança-chamas,
ou simplesmente fica a ler os seus proclamas,
para o mundo do além em corte e coice,
perante ela espero não expor-se
o teu temor pegajoso como lamas,
nem te disponhas a sugar suas mamas,
em que o seu leite de morte derramou-se.
Sei longo tempo já não mais me resta,
que em breve enfrentarei a última sorte,
que há muitos anos para tal me preparei.
Mas ainda pretendo não curvar minha testa,
se algo não temo é a colorida morte,
da qual, mesmo caindo, eu zombarei!
NA TOCAIA DO SARCASMO III
Mas no momento em que chegar meu fim,
com um cartão eu pagarei a estadia,
alegremente, porque sei só chegaria
algum boleto sem me alcançar assim!
Porque é de lei.
Não poderão, enfim,
adiantado cobrar meu derradeiro dia
e a conta eu driblarei em parceria,
com a Mana Morte adornada de arlequim!
Talvez eu siga o Flautista de Hamelin
e por um túnel alcançarei outra cidade,
a me tornar ali criança novamente.
Meus arranhões a recobrir com alevim,
novas amigas ali a achar em quantidade,
muitos de mim a recriar alegremente!
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