A
CAPTURA DE PYLOS III – 21 MAR 2022
Não
obstante, é preciso se lembrar
que
destes feitos só Nestor podia afirmar,
sendo
deles o final sobrevivente;
Apollo
dera a Nestor outra virtude,
bem
superior à de um combatente rude:
trezentos
anos de vida pela frente!
Assim,
ninguém poderia contrariá-lo,
não
sobrava testemunha a desvirtuá-lo,
em
sua velhice de perfeita robustez,
tendo-se
aliado à novel helenidade,
muito
depois da Miceniana veleidade
e
por sua boca sua própria glória fez!
A
captura de Pylos é outro incidente
da
invasão do Peloponeso pela Aquéia gente,
no
século onze, antes da era atual;
as
divindades antigas ajudavam
aos
Micenianos, e as novas à Hélade apoiavam;
Athena
e Hérakles de caráter divinal:
Pallas
saíra da cabeça de seu pai,
que
com Alkmena seus gêmeos gerar vai;
do
norte trouxeram seus deuses os Helenos;
Hera,
Posêidon, Hades e o feroz Ares
já
teriam sido adorados por milhares,
contra
invasores a exercer esforços plenos.
Anos
passados, os Aqueus sincretizaram
tais
divindades e igualmente as adoraram,
sentindo
a terra cheia de sua veneração
que
no seu próprio panteão tornaram suas;
possivelmente
os sátiros e as ninfas nuas
representavam
a anterior população
e
como Hérakles e Athena aqui triunfam,
sua
imigração com majestade trunfam, (*)
Hera
prossegue a proteger os lares,
Posêidon
a dominar as tempestades,
Hades
temido em suas ctônicas potestades, (+)
Ares
a proteger os campeões e os militares.
(*)
Coroam. (+) Profundas.
De
qualquer modo, à deusa-mãe despedem
como
a suprema divindade e o poder cedem
ao
seu tremendo Zeus, o grande patriarca;
os
costumes de antanho já lendários,
Apollo
e Dionyso os seus fadários
igual
subrepõem aos da antiga matriarca;
contudo
Hera com tal não se conforma
e
vez por outra em perseguição retorna
desse
filho semi-humano assim gerado,
que
ao persegui-lo, ela afronta o próprio Zeus,
que
mais que ela sempre possuiu poderes seus,
mas
o conflito será por éons continuado!...
Periclymenos
é outra criatura
que
certamente à Hélade todo mal augura,
representante
decerto dessa resistência
dos
guerrilheiros ocultos nas montanhas
ou
em emboscadas de proporções tacanhas,
enfim
submetidos ante a proeminência
desses
Aqueus e Dórios no começo,
mas
suas mulheres adquirindo certo apreço,
como
escravas ou mesmo concubinas,
os
invasores a adotar poligamia
e
a raça antiga por seu meio persistia,
guardando
a forma após perder suas sinas.
A CAPTURA DE PYLOS IV – 22 MAR 22
Periclymenos podia igual se
transformar
em uma árvore, mas sem poder lutar
assim em cárcere de imobilidade,
só como inseto a buscar
sobrevivência,
pousa na haste da biga, em que
potência
talvez buscasse para recobrar
capacidade,
mas Hérakles o matou da mesma forma;
assim o povo antigo se conforma
com o extermínio da maioria dos
soldados,
suas mulheres submetidas na
conquista,
disfarçadamente a seguir a antiga
pista,
suas divindades a impor aos novos
fados.
De forma idêntica, embora em outro
mito,
será o combate de Hérakles e Antheos
descrito,
cuja força dependia da mãe-terra,
para indicar da gente antiga a
persistência,
que os Helenos combatem sem
leniência,
mas são forçados a submeter em longa
guerra;
já Hérakles ao deus Hades não feriu,
mas benevolência lhe mostrou quando
fugiu,
alegoria do combate contra a morte;
eventualmente, é devorado pelo fogo,
mas Zeus escuta de Dejanira o rogo
e lhe dá a imortalidade em final
sorte.
Além disso, qual nos relata Homero,
não se tratou de seu triunfo mero,
mas em uma pilha de mortos ele o
desafiou,
alegoria de que junto a seu portão
profundo,
não recebeu da Morte o golpe imundo
e assim do golpe do Destino se
escapou;
e é preciso lembrar que em outras
ocasiões
desceu ao Hades em variedade de
missões,
sem que o deus da treva atacá-lo se
atrevesse,
essa descida ao mundo ínfero
persiste
nessa Anastasis em que o Credo
insiste, (*)
mas não por almas, é por Cérbero que
desce.
(*) A Descida de Cristo ao Inferno.
E um dia até Chronos o herói
derrotou
e após a luta, o próprio Tempo
degolou,
esse que era seu avô, o pai de Zeus,
para levar essa cabeça a seu
santuário,
onde a enterrou com ritos de
sacrário,
que protegesse o estádio de seu
deus.
Homero descreve a dinastia dos Neleus
como sendo após formada por Aqueus,
mas Neleu era um Eólio e assim
Nestor.
O grande autor da Ilíada e Odisséia,
teria assim falseado a sua epopéia,
mais um poeta do que um historiador?
E quando Hera no peito vai Hérakles
ferir,
mas sem matá-la, só do combate a
exluir,
com uma flecha de três farpas,
novamente
esse filho de Zeus enfrenta sua
madrasta,
como um símbolo dessa tríplice casta
das três famílias dos Aqueus, que
citam frequente
como”Filhos de Hérakles” nessa vasta
invasão,
que estranhamente Élida depois
ocuparão,
a partir dali tornando-a sacrossanta
e responsável pelo estádio
conservar,
simbolizando duas etnias a se
miscigenar
dentro da Grécia cuja glória se
descanta!...
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