quarta-feira, 5 de janeiro de 2022


 

 

O MENINO-PÁSSARO III – 14 NOV 2021

 

Pois ao final de uma semana, claramente

tinha o menino um par de asas latente,

já com penas plenamente delineadas.

Eram pequenas ainda, mas crescendo:

como guardar um segredo assim tremendo,

mesmo o nenê em dependências separadas?

 

Mas logo a imprensa invadiu o hospital;

que dúvidas houvesse, perfeitamente natural,

alguns diziam ser tão só publicidade...

Mas finalmente, já as asas bem crescidas

a um grupo seleto foram exibidas,

de uma ablação sem qualquer probabilidade.

 

E sem encontrar-se parentesco ou relação,

tomou o obstetra uma firme decisão

e após lenta burocracia inconveniente,

conseguiu ser nomeado o seu tutor,

com a direção a apoiá-lo com fervor:

que o retirasse dali imediatamente!

 

Ora, o médico muitos bens havia herdado

e o menino foi depressa transportado

para sua casa, que era quase uma mansão;

três ou quatro enfermeiras contratou,

uma ala inteira da residência transformou,

em que a criança pudesse ter toda a atenção.

 

Esperava passasse logo a novidade,

mas nada disso, cresceu até a curiosidade;

autoridades vinham, a pretexto de inspeção,

constantemente fotografias retiradas

daquelas asas já claramente projetadas,

feroz mantida da imprensa a atenção!...

 

Então o médico uma ilhota adquiriu

em um ponto isolado e em breve construiu

casa apropriada, no maior segredo.

Era uma lancha o único meio de transporte,

contratou segurança de bom porte

e finalmente conservou-se em bom degredo.

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