terça-feira, 25 de janeiro de 2022


 

 

PERSEU E AS GÓRGONAS VIII – 25 nov 21

 

Ao saber a quem seu filho enfrentaria,

Dânae ajoelhou-se e a Zeus suplicou,

que seu pedido em breve lhe atendia,

pois quatro grandes deuses convocou;

a deusa Athena seu escudo lhe trazia,

polido igual a espelho e lho entregou;

chegou Hefesto, senhor do mundo arcano,

com capacete de efeito soberano...

 

“Ponha-o na cabeça e então será invisível!

mas como o escudo, terá depois de o devolver!...”

Veio Artemísia, trazendo a irresistível

espada Chrysaor, um estranho ser

que fora filho de Medusa e o dom terrível

de sua mãe, ao invés de em pedra o converter,

o transformara nesse gládio de magia

a que nem ferro nem pedra resistia!...

 

E finalmente, chegou Hermes, o mensageiro,

as suas sandálias aladas a emprestar-lhe...

“Mas veja bem: é só empréstimo ligeiro;

metade de meu poder estou a entregar-lhe;

ainda transponho os ares, sobranceiro,

mas devagar...  De Zeus respeito o talhe,

porém não posso mais transmitir os seus recados,

sem ter de volta meus mágicos calçados...”

 

“Sendo assim, um conselho lhe transmito,

para que alcance sucesso em sua missão:

que voe até a Líbia agora o incito;

no Lago Tritônides vá encontrar essa mansão

habitada por Euríale, com o fito

dos caminhos descobrir a direção.

Ela é a terceira górgona, a bela,

que nas areias do deserto se encastela...”

 

Segundo Ovídio, as Górgonas eram três,

Medusa, Esteno e Euríale, ainda irmãs

das três Greias, que nasceram por sua vez

com os cabelos brancos como lãs,

mas deformadas e tão escuras em sua tez

como a meia-noite difere das manhãs

e ainda tinham só um olho e só um dente,

mais feias que qualquer humana gente.

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