PERSEU E AS
GÓRGONAS II – 19 nov 21
A Rainha
Eurídice teve fado bem diverso
da outra
Eurídice, amada por Orfeu,
que foi
lançada para o abismo inverso
a que o
cantor, em grande amor, desceu,
quando
amansou até o cão perverso,
Cérbero
Tricéfalo; e seu canto convenceu (*)
o próprio
Hades a devolver-lhe a esposa,
formosa a
voz, mas ela mais formosa...
(*) O Cão de
Inferno, que tinha três cabeças.
Já esta
Eurídice era apenas a princesa
filha de
Laquedêmon, o espartano rei;
por um
tratado com Argos fora presa
do rei
Acrísio, que a desposara pela lei,
sem que amor
compartilhassem, com certeza;
de fato,
Acrísio preferia mais sua grei
de escravas
belas para o seu carinho,
sem que
Eurídice visitasse no seu ninho...
Não é de
admirar que se enciumasse
dessas
crianças que via no castelo
e ao saber
da profecia, aproveitasse
em dar vazão
a seu terrível zelo,
exigindo que
o marido as afogasse,
para alegria
do coração de gelo
dessa mulher
que fora desprezada,
após ser
prêmio por uma paz firmada.
De qualquer
modo, concordam os autores
que Acrísio expulsava
os pretendentes
da bela
filha ruiva, em seus temores
de ser morto
pelas mãos de descendentes;
quanto mais
velha, maiores seus primores
e assim com
grades fortes e correntes
cercou as
janelas de sua torre forte
para ali
encarcerá-la, triste sorte!...
Não era
cela, mas um bom apartamento,
bem
mobiliado, até meio luxuoso,
com um
banheiro para atendimento,
embora a
água a carregasse, desgostoso,
um forte
escravo, sob acompanhamento
de aias e de
guardas; e um poderoso
gradil
fechasse a saída da latrina:
era
impossível visitarem a sua menina!
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