O MENINO-PÁSSARO VII – 18 NOV 2021
E desse modo, ele foi ali ficando,
somente à noite, em segredo, ia
adejando.
Tão logo o par de asas se fortaleceu,
convidou a jovem para um breve
passeio;
ela assentiu, dominando seu receio,
porém dos voos o medo não perdeu.
O rapaz limitou assim suas revoadas,
dando com ela apenas caminhadas,
mas finalmente o seu amor lhe
declarou.
“Você está me pedindo em casamento?”
Ele assentiu, sem conhecer o
procedimento,
porém a moça inicialmente recusou.
“Se não me ama, hoje mesmo irei
embora,
por mais que de meu coração seja
senhora.”
“Não é necessário que aja assim:
entenda bem que você é diferente,
como posso apresentá-lo a toda a
gente?
Mas são só as asas a interferir,
enfim...”
“As minhas asas? Mas o que têm de errado?
Eu sou apenas bem melhor dotado
que a comum sorte dos seres
humanos!...”
“Mas como quer que eu ande pelas
ruas,
você mostrando suas espáduas nuas
ou usando mantos, feito soberanos?”
“Quer que corte minhas asas?” – disse
ele, a brincar.
“Exatamente, se me pretende
desposar.”
Ficou o rapaz totalmente atarantado
e sem mais uma palavra ao céu subiu
e por três dias ninguém mais o viu,
até que retornou, bastante desolado...
“Eu percebi que não posso mais viver
sem ter você. Mas talvez eu vá morrer
caso minhas asas me sejam
cortadas...”
“Já conversei com meu pai a esse
respeito,
ele conhece um cirurgião de grande
preito:
suas costas serão por ele
examinadas.”
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